Serra da Paixão 6º Capitulo.
- Papai! Os pássaros meu pai são bonitos e livres!
- Tonhá o almoço sai ou não sai?
- Está quase pronto Barão.
- Bem estou aguardando na sala e você Marta a cozinha não e o seu lugar venha para sala aguarda junto com seus irmãos.
- Sim senhor.
Assustada pela incerta de seu pai Marta vai para a sala, na sala Maciel e Leonardo aguardam na mesa, o Capitão Rubens acaba de chegar e cumprimenta a todos.
- O que houve Marta parece que viu fantasma?
- Não meu irmão eu estou bem. Como foi a missa?
- Boa a um padre novo na cidade padre Borges.
- Então ele deve vir conhecer a fazenda?
- Acredito que sim meu pai.
- Marta amanhã eu colocarei a nova ajudante de Tonhá e sua nova mucama dentro da casa, vou trazer algumas para você dar uma olhada, Tonhá não está dando conta da cozinha mais sozinha.
- Sim meu pai eu farei a escolha certa.
- Rubens por que demorou tanto?
- Encontrei um amigo e ficamos proseando um pouco.
- Encontrou o Doutor Brás?
- Sim meu pai ele estava lá.
- Não comentou se não havia encomenda para mim.
- Não senhor nada o comentou foi à casa do senhor Antonio eu fiquei fazendo companhia para Maria.
Enquanto os dois conversam inhá Tonhá entra com o almoço e coloca a mesa, o leitão enfeita o centro da mesa fazendo um belo convite a se servi, dona Rosa servi Maciel e todos aguardam a oração do Senhor Manolo.
- Senhor Deus nós te agradecemos pelo alimento que o Senhor tem nos concedido e que ele nunca falte em nossa mesa.
Antes que ele termine a oração o amém vem da porta em alta voz.
- Amém que Deus lhe abençoe.
- Padre Martins!
- E padre Borges também.
- Sente-se fiquem a vontade sirvam-se.
- Muito agradecido Barão.
- Mais como conseguiram chegar tão rápido na fazenda?
- Saímos assim que acabou a missa.
- Mais o que o traz os nossos padres a essa humilde fazenda?
- O bom cheiro dessa deliciosa comida e para lhe apresentar o novo padre da cidade, levando em conta que o Barão não estava na santa missa de hoje.
- Rubens foi representar a família, pois tínhamos uns afazeres na fazenda.
- Bom, vamos comer depois conversamos.
Logo depois do almoço Barão Manolo serve aos padres uma taça de vinho e ai a conversa se estende.
- O padre Borges vem de onde?
- Venho de Portugal.
- Está gostando de Resende?
- Sim me parece ser uma cidade pacata sem muita confusão, e todos se conhecem.
O barão costuma ir às missas?
- Sim senhor, eu sou católico e acredito muito em Deus, e sou um colaborador muito generoso e procuro ensinar isso para meus filhos.
- Faz bem barão, o clero não e simpatizante daqueles que não leva a sério à religião. Eu fiquei sabendo que o senhor tem uma senzala aqui na fazenda?
- Tenho sim senhor. E por que a curiosidade?
- E que eu tive informações que nessas senzalas são oferecidos cultos pagãos e a rodas de capoeira.
- Não aqui na minha fazenda.
- Eu não falei aqui, mais não custa nada dar uma olhada.
- Esteja à vontade não temos nada a esconder.
- Certamente estarei à vontade e peço que não se ofenda.
- Deixaremos a tal visita para outra ocasião. Não e padre Borges?
- Sim padre Martins, para outra ocasião.
- E você Capitão Rubens atendeu ao pedido do velho padre Martins e foi à missa.
- Sim padre Martins e estarei lá na próxima.
- Bom, eu e Deus estaremos lhe esperando. A prosa está boa mais temos que ir. Ainda temos que passar na fazenda de Hermes para apresentá-lo ao padre Borges.
- E quem sabe pegar uma merenda da tarde?
- Leonardo se comporte!
- E estou brincando papai.
- Cuidado com suas brincadeiras meu filho Deus está vendo tudo.
- Sim senhor padre Martins.
- Bem estamos partindo, até logo e que Deus lhe abençoe.
- Até logo padres.
Os padres tomam distancia da fazenda de Barão Manolo, saem em direção à fazenda de Hermes, o Barão Manolo irritado fala aos filhos.
- Esse padreco e mesmo um impertinente, como ousa falar assim da minha fazenda após ter se assentado a minha mesa.
- Eu também achei meu pai. E você Rubens?
- Eu prefiro não comentar nada já que os culpados pelos negros fazerem cultos pagãos são o próprio clero e a sociedade que não deixam os negros entrarem nas igrejas.
- E só o que me faltava Rubens um negro dentro da igreja.
- E por que não meu pai? São pessoas são humanos e um dia todos serão livres e terão o direito igual dos homens brancos.
- Cale-se Rubens você está delirando, onde você pensa que esses negros terão alguma chance dentro da sociedade, só você com estás idéias abolicionistas, vá para o seu quarto sonhar esse sonho impossível.
- Eu disse ao senhor que ele era mais um desses Republicanos abolicionistas.
- E Leonardo você tinha razão.
O Capitão Rubens aborrecido com a prosa vai para o seu quarto, onde limpa a sua arma e aproveita para tirar um cochilo.
No outro lado os padres Martins e Borges chegam à fazenda de Hermes que está na varanda olhando a chegada dos dois.
- Mais está ai velho cristão que não tem comparecido a missas.
- Sua benção padre Martins.
- Que Deus lhe abençoe Hermes e perdoe suas faltas.
- Mais que bons ventos te trazem aqui há muito tempo não aparece, vamos entrar.
- Muito agradecida Hermes, mais cadê sua mãe e onde está Joana?
- Mamãe foi ao pomar colher laranja Joana deve estar no quarto, não há muito a se fazer no dia de hoje a não ser descansar.
- Bom você já conhece o padre Borges?
- Não, muito honrado com sua presença em meu lar.
- Muito agradecido
- Os padres aceitam um café?
- Sim vamos aceitar Hermes.
- Eu vou providenciar.
Enquanto os padres aguardam o café entra na sala uma linda mulher, cabelos longos olhos negros como duas jabuticabas seu perfume como de uma rosa invade a sala perfumando o ambiente.
- Olá Joana como vai?
- Sua benção padre Martins.
- Acordamos-te?
- Não senhor eu estava só arrumar um vestido dentro do baú.
- Esse o padre Borges ele me ajudara na igreja da cidade.
- Eu o vi hoje na igreja, mais tão novo já padre!
- E eu entrei para o convento muito jovem a padres mais novo do que eu.
- Bem quem recebeu os senhores?
- Teu primo Hermes, ele foi providenciar um café.
- A senhora está de preto representa algo?
- Sim o luto de meu falecido marido ele morreu há seis anos.
- Mais porque guarda o luto por tanto tempo já que e tão nova?
- E ainda não o esqueci, mais não pretendo ficar de luto a vida toda e digo ainda que o povo dessa cidade fale de mais da vida dos outros.
A entrada de Dona Augusta interrompe a conversa de Joana e padre Borges com uma grande cesta nas mãos ela chega à sala onde ela cumprimenta aos santos padres.
- Sua benção padre Martins.
- Deus lhe abençoe irmã Augusta.
- Mais o que o traz aqui em minha fazenda?
- Estou visitando e apresentando ao padre Borges aqueles que hoje não estiveram em nossa igreja para missa.
- Perdão padre Martins mais hoje eu fiquei aguardando Hermes até tarde da noite e não acordei a tempo para ir à missa.
- Eu estranhei irmã Augusta eu sei que a senhora não falta nossas missas matutinas.
- E verdade e esse rapaz que e?
- E o novo padre que chegou para me ajudar na reforma da paróquia.
- Muito prazer padre.
- Borges dona Augusta.
- Mais tão novo já foi ordenado padre.
- Trabalho desde cedo na obra do Deus e me coloquei a disposição da sua vontade.
- Bem então que ele lhe abençoe e sua decisão, mais cadê o café para as nossas visitas?
- Hermes já foi providenciar tia.
- Bom vocês já estão acomodados eu peço licença vou até a cozinha guarda essas frutas que acabei de colher no pomar.
- São belas frutas essas a terra da cidade e bastante produtiva?
- Bem e um pomar muito bom, temos muita variedade de frutas.
- Se o padre quiser Joana pode levá-lo até lá.
- Eu ficaria muito contente em conhecer.
- Bem eu como já conheço fico aqui conversando com Hermes e com a Dona Augusta.
- Assim seja padre Martins.
- Então vamos padre Borges?
- Sim Joana. Vamos?
Os dois seguem em destino ao pomar o padre comenta a beleza desse lugar. Na chegada Joana mostra as variedades de frutos existente no pomar param em frente de uma arvore.
- Que fruta e essa?
- E carambola, e doce como um beijo experimente padre.
- Boa muito boa.
- E não e doce como um beijo?
- Não sei eu nunca beijei ninguém.
- Nunca. E nunca teve vontade?
- Bem como eu disse, eu entrei para o convento muito novo, mais se a fruta tem gosto de beijo o beijo deve ser muito bom.
- E o senhor e português?
- Sim nasci na cidade de Lisboa com 13 anos entrei no convento e aqui estou.
- Mais porque optou para vir para o Brasil?
- Não foi bem uma opção mais eu quero ser muito útil por aqui.
- Espero que seja padre.
- Vamos voltar? O café irá esfriar, eu já vi o bastante.
- Claro padre e quando o senhor quiser alguma fruta já sabe onde encontrar.
Mais alguns passos e logo estão de volta o padre ainda traz uma carambola nas mãos, os dois entram na sala a onde o café está sendo servindo, Dona Augusta serve lhe o café e Hermes puxa uma cadeira para que o padre se sente, a recusa do padre e imediata.
- Acredito que esteja na nossa hora.
- Mais tanta pressa por quê?
- Temos as orações da noite ainda e não queremos nos atrasar. Certo padre Martins?
- Claro que sim, já estamos de saída, espero que vocês apareçam na missa.
- Padre eu vou á casa de Maria e dela iremos à igreja.
- Estarei aguardando vocês lá.
- Dona Augusta e Joana quando quiserem também apareçam.
- Sim senhor padre Martins nós iremos.
- Até logo, Muito agradecido pelo o café e que Deus lhe abençoe.
Amém padre apareça quando quiser.
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