sexta-feira, 29 de abril de 2011

Serra da Paixão "Marta conhece Pedro seu futuro noivo"

Na fazenda Passo Grande Joana ajuda a dona Augusta a retirar a mesa do almoço enquanto das ordens para que sua escrava apanhe uma galinha para a janta, Hermes verifica se sua arma está carregada se levanta beija dona Augusta e se despede de Joana.
-         Aonde você vai Hermes?
-         Vou até ao cafezal para ver se está tudo em ordem.
-         Agora com este investimento em café nossos lucros vão aumentar.
-         E o que eu espero mamãe logo eu vou me casar com Maria e espero arrendar as terras do doutor Brás.
-         Esse casamento e só interesse não e Hermes?
-         Não Joana, eu também gosto um pouco daquela menina mimada ela e uma bela moça, ela vai ser uma boa reprodutora.
-         Não posso acreditar no que você está falando não tem nenhum respeito pela moça.
-         Você com seu sentimentalismo talvez seja esse o motivo que lhe faz guarda luto até hoje.
-         Não e por esse motivo Hermes, mais como explicar se você não conhece o significado da palavra amor.
-         Não queira me enganar Joana seu marido não te tratava tão bem assim ou vou esqueceu-se das varias agressões que sofreu?
-         Joana, eu vejo que essa prosa e desnecessária, e quanto a você Hermes vá aos seus afazeres!
-         Até a volta mamãe.
-         Vá com Deus meu filho volte cedo.
-         Sim senhora eu voltarei.
-         E você Joana você pegou o seu vestido?
-         Sim tia dona Alma fez um belo vestido.
-         Pena que você ainda esteja de luto usar preto em uma noite alegre como esta.
-         Mais o vestido e muito belo mesmo sendo preto.
-         Toda alta sociedade Resendense estará lá, será que não alguém em especial que queira ver?
-         Mais que pergunta tia e claro que não.
-         Cadê a Luana com está galinha?
-         Ela já deve estar a caminho tia.
-         Mais como demora, para escolher uma galinha.
-         A senhora irá à festa tia?
-         Claro eu não posso perder está festa por nada.
-         E com quem iremos já que Hermes vai acompanhar a Maria?
-         Bem iremos com Thomas e voltaremos com Thomas, isso e se não achar ninguém interessante na festa.
-         Tia a senhora já está me deixando sem graça com este assunto o a senhora está pensando em se livrar de mim?
-         Não Joana eu não quero me livra de você eu falo assim mais você e a única pessoa que tenho para prosear.
-         Então se eu me for que vai cuidar da senhora?
-         Não se prenda a mim por este motivo minha sobrinha.
-         Tia a senhora não toma jeito.
Luana ainda não havia chegado com a galinha, mais na fazenda Meriza, Tonhá já estava com os preparativos para a festa.
Preparando as mesas puxando alguns móveis para deixar o salão com mais espaço limpando e varrendo colocando a tolha sobre a mesa principal, hoje Inhá Tonhá tem mais ajuda do que nos dias comuns.
No meio do cafezal entre escravos e pés de café Cauã e Jarty gritão pela negra Geruza.
-         Mãe! Mãe!
-         O que foi menino viu alguma assombração?
-         Não mãe mais eu vi Zâmbia.
-         Você está brincando comigo seu moleque.
-         Não mãe eu não estou brincando Jarty também estava lá comigo.
-         Então e verdade da sinhazinha.
-         Verdade de quem?
-         De ninguém menino eu só pensei alto.
-         Ele pediu segredo no seu regresso disse que agora e um negro livre e que está  juntando dinheiro para comprar a nossa liberdade.
-         E onde ele está dormindo?
-         Na cidade na venda do seu Credencio.
-         Mais agora vamos manter segredo e ficar quieto que o Capitão do Mato está vindo para cá.
-         Está bem mãe mais eu tenho que contar para Keire.
-         Conte mais peça segredo do mesmo jeito que se irmão lhe pediu.
Na casa grande da fazenda Meriza, todos conversavam mais se calaram com a entrada de Marta que acabará de chegar do Ribeirão.
-         Bom dia para todos.
-         Está e a minha filha Marta e futura noiva de seu filho Pedro.
-         E uma bela moça, meu filho e um rapaz de muita sorte.
-         Marta este e o barão Torres e essa sua esposa baronesa Helena e aquela e sua filha Laiza.
-         E um grande prazer em conhecê-los e em recebê-los em nosso lar.
-         Mais como e educada está gentil jovem.
-         Obrigada baronesa
-         Agora só falta conhecer Pedro que está a descansando da viagem ele veio cavalgando a noite toda só paramos por causa da tempestade que nos alcançou mesmo assim ele ficou de guarda por causa dos ladrões que vivem a rondar aquela região.
-         E um rapaz muito corajoso merece descansar, agora se me dão licença eu vou me retirar para o meu quarto para trocar o vestido.
-         Fique a vontade Marta afinal a casa e sua.
-         Muito agradecida.
 Ione, por favor, me acompanhe!
Marta e Ione vão para o quarto e a conversa na sala continua, já dentro do quarto de Marta, ela tira o seu vestido e é ajudada por Ione.
-         Nossa como eles são brancos Marta.
-         São descendentes de Europeus suas peles são brancas e suas terras são frias.
-         Mais como e bela a filha do Barão.
-         É Ione a moça e muito bela.
-         Se o irmão for parecido com ela também deve ser um belo moço.
-         Talvez seja.
-         Por que desânimo Marta?
-         Não estou desanimada Ione só estou cansada da volta, Ione eu quero que você vista este vestido aqui mais tarde!
-         Mais sinhá este vestido e muito lindo!
-         Eu sei, e o corte de pano muito belo mais já não me serve, você vai estar ao meu lado na festa de hoje eu não quero que você me deixe só, a não ser quando eu estiver dançando com alguém.
-         Sim sinhá.
-         E não me chame de sinhá, este e o seu sapato eu sei que você não está acostumada com sapatos mais você não irá andar muito.
-         Eu posso levá-lo para o meu quarto?
-          Não na hora em que for se arrumar venha para o meu eu lhe ajudarei e tome um banho bem tomado.
-         Fique tranquila, eu vou me esfregar tanto que e bem capaz de ficar branca como a tal da família da Europa.
-         Ione vai devagar com estes cordões estão muito apertados!
-         Desculpe Marta e vou afrouxar mais.
-         Assim está melhor, agora amarre, pois eu quero comer algo já que o almoço foi mais cedo por ocasião da visita.
-         Eu também estou faminta.
-         Vou pedir a Inhá Tonhá para te servir algo se alimente bem, pois não quero que passe mal durante a festa, mais também não vai comer muito.
Apesar da chuva que caiu na noite passada um sol não tão forte brilha no céu da cidade de Resende, Lindolfo e seu pai já estão quase terminando o reparo do chiqueiro.
-         Pronto, mais algumas marteladas e já estará bom.
-         E a chuva castigou toda a cidade nesta noite.
-         Meu filho o tempo hoje deve ser melhor, agora vamos colocar os porcos dentro do chiqueiro novamente antes que eles fujam!
-         Sim senhor pai eu farei isso agora mesmo.
-         Eu tenho dois cavalos para ferrar do seu amigo Pascoal ele vai vir buscar mais tarde, eu acho que para festa dessa noite.
-         Ele vai levar a Lúcia à festa nesta noite.
-         E você ira sozinho?
-         Sim eu irei só, a não ser que Linda vá.
-         Pronto esse e ultimo porco, agora vou ferrar os cavalos.
-         Pai o senhor acha que devo ir?
-         Não vejo mal nenhum, afinal a própria Marta convidou vocês, mais deve tomar cuidado, pois o pré-conceito também foi convidado.
-         Mais toda aquela gente eu não sei se vou me sentir à vontade.
-         Meu filho se você não se sentir a vontade volte para sua casa.
-         Bom pai com certeza eu voltarei agora vamos eu ajudo o senhor a ferrar os cavalos.
-         Vamos para depois irmos almoçar!
-         Será que Linda já voltou da escola?
-         Já deve ter voltado, agora vamos logo com isso que eu já estou com fome.
A charrete de seu Credencio chega à cidade, Zâmbia chega à frente da venda, algumas pessoas conversam no outro lado da praça entre elas o italiano Edson, seu Credencio e Pascoal.
-         Olha lá Credencio o seu escravo está de volta.
-         Esse rapaz não e meu escravo Edson, recebe salario para trabalhar e têm me ajudado bastante na venda.
-         Eu quero ver quando o barão Manolo ficar sabendo que ele está trabalhando para você.
-         Ele tem uma carta de alforria assinada pelo próprio Imperador e um rapaz livre.
-         E não sei se o Barão vai concordar com essa carta.
-         Contra o império ninguém a de levantar a voz, nem o Barão, agora me deixa ver se correu tudo bem na entrega das encomendas.
-         Até Credencio.
Seu Credencio atravessa a praça em direção ao seu estabelecimento o restante continuam a prosa, Zâmbia desce da charrete sem demora desencilha o cavalo.
-         Olá Zâmbia como correu as coisas na fazenda Meriza?
-         Tudo correu bem seu Credencio a entrega foi feita.
-         Alguém te viu por lá?
-         Não seu Credencio eles estavam ocupados com chegada de outro barão.
-         E eu cheguei a vê-lo na igreja junto com padre Martins, agora de água ao cavalo e empurre a charrete para debaixo da arvore para que ela não pegue sol, logo depois vá comer alguma coisa.
-         Sim senhor seu Credencio eu farei isso.
Apesar dos acontecimentos as coisas vão caminhando normalmente na cidade, a jovem Linda está voltando da escola para casa depois de uma manhã a lecionar para as crianças da cidade, o padre Martins está na frente da igreja a conversar com uma meia dúzia de beatas, enquanto isso padre Borges está lendo à bíblia assentado em um tronco abaixo de uma arvore se escondendo do sol a tranqüilidade e a calma abafada de Resende se estampava em seus moradores.
Na fazenda Meriza ainda há uma grande agitação, Marta come junto com Ione na pequena mesa da cozinha e houve a voz de seu pai a conversar com o visitante.
-          Descansou bastante Pedro?
-         Sim barão Manolo o quarto estava bastante confortável.
-         Melhor assim eu quero que saia para conhecer a fazenda junto conosco.
-         Será um prazer.
Enquanto os dois conversavam entra na sala Marta e Ione, Marta se dirige até a mesa onde os homens se levantam o seu pai trata de fazer as apresentações.   
-         Está e Marta minha filha.
-         Eu estou horando em conhecê-la, minha mãe tinha falado sobre sua beleza.
-         Agradecida pelo elogio.
Todos agora estão apresentados o barão Manolo pede que a Ione mande Surue selar dois cavalos, Ione se retira para cumprir a ordem do Barão na saída os olhos de Leonardo acompanham a bela escrava.
-         Está com algum problema Leonardo?
-         Não senhor.
-         Você irá conosco em um passeio pela fazenda?
-         Vou acompanhá-los sim meu pai.
-         E você Rubens?
-         Com os preparativos da festa de hoje à noite as coisas está corrida meu pai, não vejo necessidade de minha companhia, se senhor me permitir gostaria de ficar e ajudar minha mãe em alguma coisa que ela precise.
-         Eu não me oponho.
-         E um trabalho que recompensado no final Barão.
-         E verdade Pedro afinal não e sempre que uma filha faz dezoito anos.
-         Laiza já está com vinte e um anos e mesmo assim comemoramos todos os anos como se fizesse dezoito.
-         Uma filha e sempre uma benção Baronesa.
-         E você Marta o que achou de Pedro?
-         Aparentemente ele e um rapaz muito belo Baronesa, mais nós teremos muito tempo para conversar se papai permitir.
-         Claro que eu permito e importante que conversem afinal ele e seu futuro noivo e marido por conseqüência.
-         Agradecida papai. 
A menina Marta apesar do entusiasmo dos pais de ambas as famílias, mantinha-se séria entre os sorrisos dos visitantes, o seu olhar demonstrava a rejeição pelo assunto do noivado o dia mais alegre de sua vida também seria o mais triste noivar com aquele que não se ama ou pior nem se conhece.
O Barão e avisado por Surue que sua montaria está pronta, ouvindo isso seguem em direção aos cavalos o Barão, Leonardo e Pedro, os demais continuam a conversa.
Antes que Pedro monte seu cavalo encontra Jarty que olha com um olhar desconfiado, a cor da pele de Jarty chama atenção de Pedro.
-         Qual é o seu nome rapaz?
-         Eu me chamo Jarty.
-         Você e um negro bastante diferente, você trabalha na lida?
-         Não sou negro sou índio e nem escravo sou livre.
-         Desculpe-me eu não quis ofendê-lo.
-         E não ofendeu.
-         Você faz o que por aqui?
-         Tenho permissão do Barão para andar onde eu quiser, eu vou até a cozinha para comer alguma coisa.
-         Interessante o Barão cria um índio.
-         Eu achei Jarty no meu da mata ainda pequeno ainda mamava no peito, sozinho não iria sobreviver foi amamentado pelas negras escravas da senzala ele deve ter a mesma idade de Maciel.
-         O Barão tem um bom coração salvou uma criança de costumes selvagem.
-         Jarty e um bom menino e acompanha meu filho em todas as suas travessuras desde criança ele e um negrinho que atende pelo nome de Cauã, são inseparáveis.
-         Até índio.
-         Até.
Os três seguem em sua montaria em direção a senzala onde o Barão mostra com orgulho onde os negros são trancados.
-         Aqui e onde dormem os escravos que trabalham sobre o meu domínio.
-         Todos trabalham no cafezal? Nem todos Pedro, alguns trabalham na casa grande, esse ai e Lourenço nosso capitão do mato e meu homem de confiança e coloca os escravos fujam na linha.
Você já comeu Lourenço?
-         Sim senhor barão agora eu estou indo para o cafezal para ver como está à lida.
-         Muito bem, eu vou mostrar os nossos animais para o amigo barão e logo estarei no cafezal.
O Barão segue a mostrar a fazenda ao visitante enquanto Lourenço segue em direção ao cafezal onde encontra o menino Cauã.
-         O que você está armando em negrinho?
-         Nada capitão eu só estou indo encontrar Maciel e Jarty.
-         Por que aquela pressa mais cedo?
-         Eu estava à procura da minha mãe.
-         E que tinha de tão importante para lhe falar?
-         Nada de mais só que eu tinha encontrado a pintada no Paraibão.
-         Seu moleque se você estiver aprontando alguma coisa eu te coloco no tronco.
-         Não estou aprontando nada Capitão.
-         E bom que não esteja se não eu peço permissão para o Barão e juro que mato a minha vontade de dar algumas chibatadas em você.
Agora vá antes que eu me aborreça.
-         Sim senhor Capitão.
Cauã sai como um relâmpago passa por negro Bento que pita um cigarro sossegado sem se importar com presença de Lourenço e o olha o com desprezo.
Na casa do senhor Armando, Lúcia e Virginia estão a se aprontar para buscarem os vestidos.
-         Mamãe nós vamos até a casa da dona Alma buscar os nossos vestidos.
-         Está bem Lúcia mais vê se não demorem temos alguns afazeres aqui na casa.
-         Eu, não vejo a hora da festa começar quem sabe que eu encontre o meu príncipe encantado.
-         Virginia vive sonhando com um príncipe encantado.
-         E Lucia quem sabe um filho de um Barão.
-         Melhor que um padeiro minha filha.
-         Mamãe Pascoal e um rapaz muito honesto e trabalhador.
-         Mais, também e pobre.
-         Mais isso não me interessa eu penso diferente de vocês o amor está em primeiro lugar.
-         Não se vive só de amor minha filha, nós mulheres temos as nossas necessidades.
-         Eu já falei que o amor está em primeiro lugar mamãe.
-         Está bem minha filha agora vá buscar o vestido e não se demore.
Lúcia e Virginia seguem em direção à casa de dona Alma, Lúcia contrariada com as palavras da mãe segue calada não se demoram estão a chamar o nome em frente da casa.
-         Dona Alma.
-          Entre meninas!
-         Boa tarde nós estamos aqui para buscar nossos vestidos.
-         Já estão prontos e ajustados, mais mesmo assim e bom que vista para ver se precisam de mais algum ajuste.
-         Boa tarde Lúcia e Virginia.
-         Boa tarde Linda.
-         Chegamos quase juntas.
-         E a escola como está muita freqüência?
-         E as crianças estão animadas estão comparecendo isso me alegra muito.
Você sabe dizer se chegou alguma encomenda para a escola.
-         Pascoal não me falou nada, mais eu posso perguntar a ele.
-         Agradecida Lúcia faça esse favor para sua amiga.
-         Eu vou ver com ele depois eu falo com você.
-         Os vestidos ficaram muito bonitos em vocês os modelos e a cores são ótimos.
-         E você Linda não irá?
-         Acho que não.
-         Mais porque a festa será tão linda e quem sabe achemos nesta festa alguém para nos fazer a corte.
-         Virginia terá realmente muitos convidados interessantes, tomara que amiga de sorte.
-         E com certeza darei, essa noite vai ser inesquecível.
-         Eu ficarei torcendo pela amiga.
-         E você Lúcia irá com Pascoal?
-         Sim dona Alma o Pascoal irá me levar.
-         Bom moço esse Pascoal.
-         Pena que nem todos achem dona Alma.
-         Sua mãe continua a implicar com ele?
-         Cada dia mais e logo que anunciar o meu casamento as coisas há de piorar.
-         Mais ela vai se acostumar afinal Pascoal e um rapaz encantador.
-         Tomara dona Alma que Deus abençoe as suas palavras.  
As moças após aprovarem os vestidos se despedem e seguem de volta para casa, cumprido as ordens de não se demorarem, a tarde vai se indo e sol agora e cada vez mais fraco o movimento das charretes na cidade vai aumentando todos em direção a fazenda Meriza.
Pascoal, seu Credencio e Edson já estão fechando o seu estabelecimento o sino da igreja badala festivamente, padre Borges avisa as beatas que nessa noite não haverá missa, pois os padres irão prestigiar a filha do barão Manolo em sua festa, há horas vão passando e com elas se aproxima a chegada da grande festa esperada por muito na cidade de Resende.