Na fazenda Passo Grande Joana ajuda a dona Augusta a retirar a mesa do almoço enquanto das ordens para que sua escrava apanhe uma galinha para a janta, Hermes verifica se sua arma está carregada se levanta beija dona Augusta e se despede de Joana.
- Aonde você vai Hermes?
- Vou até ao cafezal para ver se está tudo em ordem.
- Agora com este investimento em café nossos lucros vão aumentar.
- E o que eu espero mamãe logo eu vou me casar com Maria e espero arrendar as terras do doutor Brás.
- Esse casamento e só interesse não e Hermes?
- Não Joana, eu também gosto um pouco daquela menina mimada ela e uma bela moça, ela vai ser uma boa reprodutora.
- Não posso acreditar no que você está falando não tem nenhum respeito pela moça.
- Você com seu sentimentalismo talvez seja esse o motivo que lhe faz guarda luto até hoje.
- Não e por esse motivo Hermes, mais como explicar se você não conhece o significado da palavra amor.
- Não queira me enganar Joana seu marido não te tratava tão bem assim ou vou esqueceu-se das varias agressões que sofreu?
- Joana, eu vejo que essa prosa e desnecessária, e quanto a você Hermes vá aos seus afazeres!
- Até a volta mamãe.
- Vá com Deus meu filho volte cedo.
- Sim senhora eu voltarei.
- E você Joana você pegou o seu vestido?
- Sim tia dona Alma fez um belo vestido.
- Pena que você ainda esteja de luto usar preto em uma noite alegre como esta.
- Mais o vestido e muito belo mesmo sendo preto.
- Toda alta sociedade Resendense estará lá, será que não alguém em especial que queira ver?
- Mais que pergunta tia e claro que não.
- Cadê a Luana com está galinha?
- Ela já deve estar a caminho tia.
- Mais como demora, para escolher uma galinha.
- A senhora irá à festa tia?
- Claro eu não posso perder está festa por nada.
- E com quem iremos já que Hermes vai acompanhar a Maria?
- Bem iremos com Thomas e voltaremos com Thomas, isso e se não achar ninguém interessante na festa.
- Tia a senhora já está me deixando sem graça com este assunto o a senhora está pensando em se livrar de mim?
- Não Joana eu não quero me livra de você eu falo assim mais você e a única pessoa que tenho para prosear.
- Então se eu me for que vai cuidar da senhora?
- Não se prenda a mim por este motivo minha sobrinha.
- Tia a senhora não toma jeito.
Luana ainda não havia chegado com a galinha, mais na fazenda Meriza, Tonhá já estava com os preparativos para a festa.
Preparando as mesas puxando alguns móveis para deixar o salão com mais espaço limpando e varrendo colocando a tolha sobre a mesa principal, hoje Inhá Tonhá tem mais ajuda do que nos dias comuns.
No meio do cafezal entre escravos e pés de café Cauã e Jarty gritão pela negra Geruza.
- Mãe! Mãe!
- O que foi menino viu alguma assombração?
- Não mãe mais eu vi Zâmbia.
- Você está brincando comigo seu moleque.
- Não mãe eu não estou brincando Jarty também estava lá comigo.
- Então e verdade da sinhazinha.
- Verdade de quem?
- De ninguém menino eu só pensei alto.
- Ele pediu segredo no seu regresso disse que agora e um negro livre e que está juntando dinheiro para comprar a nossa liberdade.
- E onde ele está dormindo?
- Na cidade na venda do seu Credencio.
- Mais agora vamos manter segredo e ficar quieto que o Capitão do Mato está vindo para cá.
- Está bem mãe mais eu tenho que contar para Keire.
- Conte mais peça segredo do mesmo jeito que se irmão lhe pediu.
Na casa grande da fazenda Meriza, todos conversavam mais se calaram com a entrada de Marta que acabará de chegar do Ribeirão.
- Bom dia para todos.
- Está e a minha filha Marta e futura noiva de seu filho Pedro.
- E uma bela moça, meu filho e um rapaz de muita sorte.
- Marta este e o barão Torres e essa sua esposa baronesa Helena e aquela e sua filha Laiza.
- E um grande prazer em conhecê-los e em recebê-los em nosso lar.
- Mais como e educada está gentil jovem.
- Obrigada baronesa
- Agora só falta conhecer Pedro que está a descansando da viagem ele veio cavalgando a noite toda só paramos por causa da tempestade que nos alcançou mesmo assim ele ficou de guarda por causa dos ladrões que vivem a rondar aquela região.
- E um rapaz muito corajoso merece descansar, agora se me dão licença eu vou me retirar para o meu quarto para trocar o vestido.
- Fique a vontade Marta afinal a casa e sua.
- Muito agradecida.
Ione, por favor, me acompanhe!
Marta e Ione vão para o quarto e a conversa na sala continua, já dentro do quarto de Marta, ela tira o seu vestido e é ajudada por Ione.
- Nossa como eles são brancos Marta.
- São descendentes de Europeus suas peles são brancas e suas terras são frias.
- Mais como e bela a filha do Barão.
- É Ione a moça e muito bela.
- Se o irmão for parecido com ela também deve ser um belo moço.
- Talvez seja.
- Por que desânimo Marta?
- Não estou desanimada Ione só estou cansada da volta, Ione eu quero que você vista este vestido aqui mais tarde!
- Mais sinhá este vestido e muito lindo!
- Eu sei, e o corte de pano muito belo mais já não me serve, você vai estar ao meu lado na festa de hoje eu não quero que você me deixe só, a não ser quando eu estiver dançando com alguém.
- Sim sinhá.
- E não me chame de sinhá, este e o seu sapato eu sei que você não está acostumada com sapatos mais você não irá andar muito.
- Eu posso levá-lo para o meu quarto?
- Não na hora em que for se arrumar venha para o meu eu lhe ajudarei e tome um banho bem tomado.
- Fique tranquila, eu vou me esfregar tanto que e bem capaz de ficar branca como a tal da família da Europa.
- Ione vai devagar com estes cordões estão muito apertados!
- Desculpe Marta e vou afrouxar mais.
- Assim está melhor, agora amarre, pois eu quero comer algo já que o almoço foi mais cedo por ocasião da visita.
- Eu também estou faminta.
- Vou pedir a Inhá Tonhá para te servir algo se alimente bem, pois não quero que passe mal durante a festa, mais também não vai comer muito.
Apesar da chuva que caiu na noite passada um sol não tão forte brilha no céu da cidade de Resende, Lindolfo e seu pai já estão quase terminando o reparo do chiqueiro.
- Pronto, mais algumas marteladas e já estará bom.
- E a chuva castigou toda a cidade nesta noite.
- Meu filho o tempo hoje deve ser melhor, agora vamos colocar os porcos dentro do chiqueiro novamente antes que eles fujam!
- Sim senhor pai eu farei isso agora mesmo.
- Eu tenho dois cavalos para ferrar do seu amigo Pascoal ele vai vir buscar mais tarde, eu acho que para festa dessa noite.
- Ele vai levar a Lúcia à festa nesta noite.
- E você ira sozinho?
- Sim eu irei só, a não ser que Linda vá.
- Pronto esse e ultimo porco, agora vou ferrar os cavalos.
- Pai o senhor acha que devo ir?
- Não vejo mal nenhum, afinal a própria Marta convidou vocês, mais deve tomar cuidado, pois o pré-conceito também foi convidado.
- Mais toda aquela gente eu não sei se vou me sentir à vontade.
- Meu filho se você não se sentir a vontade volte para sua casa.
- Bom pai com certeza eu voltarei agora vamos eu ajudo o senhor a ferrar os cavalos.
- Vamos para depois irmos almoçar!
- Será que Linda já voltou da escola?
- Já deve ter voltado, agora vamos logo com isso que eu já estou com fome.
A charrete de seu Credencio chega à cidade, Zâmbia chega à frente da venda, algumas pessoas conversam no outro lado da praça entre elas o italiano Edson, seu Credencio e Pascoal.
- Olha lá Credencio o seu escravo está de volta.
- Esse rapaz não e meu escravo Edson, recebe salario para trabalhar e têm me ajudado bastante na venda.
- Eu quero ver quando o barão Manolo ficar sabendo que ele está trabalhando para você.
- Ele tem uma carta de alforria assinada pelo próprio Imperador e um rapaz livre.
- E não sei se o Barão vai concordar com essa carta.
- Contra o império ninguém a de levantar a voz, nem o Barão, agora me deixa ver se correu tudo bem na entrega das encomendas.
- Até Credencio.
Seu Credencio atravessa a praça em direção ao seu estabelecimento o restante continuam a prosa, Zâmbia desce da charrete sem demora desencilha o cavalo.
- Olá Zâmbia como correu as coisas na fazenda Meriza?
- Tudo correu bem seu Credencio a entrega foi feita.
- Alguém te viu por lá?
- Não seu Credencio eles estavam ocupados com chegada de outro barão.
- E eu cheguei a vê-lo na igreja junto com padre Martins, agora de água ao cavalo e empurre a charrete para debaixo da arvore para que ela não pegue sol, logo depois vá comer alguma coisa.
- Sim senhor seu Credencio eu farei isso.
Apesar dos acontecimentos as coisas vão caminhando normalmente na cidade, a jovem Linda está voltando da escola para casa depois de uma manhã a lecionar para as crianças da cidade, o padre Martins está na frente da igreja a conversar com uma meia dúzia de beatas, enquanto isso padre Borges está lendo à bíblia assentado em um tronco abaixo de uma arvore se escondendo do sol a tranqüilidade e a calma abafada de Resende se estampava em seus moradores.
Na fazenda Meriza ainda há uma grande agitação, Marta come junto com Ione na pequena mesa da cozinha e houve a voz de seu pai a conversar com o visitante.
- Descansou bastante Pedro?
- Sim barão Manolo o quarto estava bastante confortável.
- Melhor assim eu quero que saia para conhecer a fazenda junto conosco.
- Será um prazer.
Enquanto os dois conversavam entra na sala Marta e Ione, Marta se dirige até a mesa onde os homens se levantam o seu pai trata de fazer as apresentações.
- Está e Marta minha filha.
- Eu estou horando em conhecê-la, minha mãe tinha falado sobre sua beleza.
- Agradecida pelo elogio.
Todos agora estão apresentados o barão Manolo pede que a Ione mande Surue selar dois cavalos, Ione se retira para cumprir a ordem do Barão na saída os olhos de Leonardo acompanham a bela escrava.
- Está com algum problema Leonardo?
- Não senhor.
- Você irá conosco em um passeio pela fazenda?
- Vou acompanhá-los sim meu pai.
- E você Rubens?
- Com os preparativos da festa de hoje à noite as coisas está corrida meu pai, não vejo necessidade de minha companhia, se senhor me permitir gostaria de ficar e ajudar minha mãe em alguma coisa que ela precise.
- Eu não me oponho.
- E um trabalho que recompensado no final Barão.
- E verdade Pedro afinal não e sempre que uma filha faz dezoito anos.
- Laiza já está com vinte e um anos e mesmo assim comemoramos todos os anos como se fizesse dezoito.
- Uma filha e sempre uma benção Baronesa.
- E você Marta o que achou de Pedro?
- Aparentemente ele e um rapaz muito belo Baronesa, mais nós teremos muito tempo para conversar se papai permitir.
- Claro que eu permito e importante que conversem afinal ele e seu futuro noivo e marido por conseqüência.
- Agradecida papai.
A menina Marta apesar do entusiasmo dos pais de ambas as famílias, mantinha-se séria entre os sorrisos dos visitantes, o seu olhar demonstrava a rejeição pelo assunto do noivado o dia mais alegre de sua vida também seria o mais triste noivar com aquele que não se ama ou pior nem se conhece.
O Barão e avisado por Surue que sua montaria está pronta, ouvindo isso seguem em direção aos cavalos o Barão, Leonardo e Pedro, os demais continuam a conversa.
Antes que Pedro monte seu cavalo encontra Jarty que olha com um olhar desconfiado, a cor da pele de Jarty chama atenção de Pedro.
- Qual é o seu nome rapaz?
- Eu me chamo Jarty.
- Você e um negro bastante diferente, você trabalha na lida?
- Não sou negro sou índio e nem escravo sou livre.
- Desculpe-me eu não quis ofendê-lo.
- E não ofendeu.
- Você faz o que por aqui?
- Tenho permissão do Barão para andar onde eu quiser, eu vou até a cozinha para comer alguma coisa.
- Interessante o Barão cria um índio.
- Eu achei Jarty no meu da mata ainda pequeno ainda mamava no peito, sozinho não iria sobreviver foi amamentado pelas negras escravas da senzala ele deve ter a mesma idade de Maciel.
- O Barão tem um bom coração salvou uma criança de costumes selvagem.
- Jarty e um bom menino e acompanha meu filho em todas as suas travessuras desde criança ele e um negrinho que atende pelo nome de Cauã, são inseparáveis.
- Até índio.
- Até.
Os três seguem em sua montaria em direção a senzala onde o Barão mostra com orgulho onde os negros são trancados.
- Aqui e onde dormem os escravos que trabalham sobre o meu domínio.
- Todos trabalham no cafezal? Nem todos Pedro, alguns trabalham na casa grande, esse ai e Lourenço nosso capitão do mato e meu homem de confiança e coloca os escravos fujam na linha.
Você já comeu Lourenço?
- Sim senhor barão agora eu estou indo para o cafezal para ver como está à lida.
- Muito bem, eu vou mostrar os nossos animais para o amigo barão e logo estarei no cafezal.
O Barão segue a mostrar a fazenda ao visitante enquanto Lourenço segue em direção ao cafezal onde encontra o menino Cauã.
- O que você está armando em negrinho?
- Nada capitão eu só estou indo encontrar Maciel e Jarty.
- Por que aquela pressa mais cedo?
- Eu estava à procura da minha mãe.
- E que tinha de tão importante para lhe falar?
- Nada de mais só que eu tinha encontrado a pintada no Paraibão.
- Seu moleque se você estiver aprontando alguma coisa eu te coloco no tronco.
- Não estou aprontando nada Capitão.
- E bom que não esteja se não eu peço permissão para o Barão e juro que mato a minha vontade de dar algumas chibatadas em você.
Agora vá antes que eu me aborreça.
- Sim senhor Capitão.
Cauã sai como um relâmpago passa por negro Bento que pita um cigarro sossegado sem se importar com presença de Lourenço e o olha o com desprezo.
Na casa do senhor Armando, Lúcia e Virginia estão a se aprontar para buscarem os vestidos.
- Mamãe nós vamos até a casa da dona Alma buscar os nossos vestidos.
- Está bem Lúcia mais vê se não demorem temos alguns afazeres aqui na casa.
- Eu, não vejo a hora da festa começar quem sabe que eu encontre o meu príncipe encantado.
- Virginia vive sonhando com um príncipe encantado.
- E Lucia quem sabe um filho de um Barão.
- Melhor que um padeiro minha filha.
- Mamãe Pascoal e um rapaz muito honesto e trabalhador.
- Mais, também e pobre.
- Mais isso não me interessa eu penso diferente de vocês o amor está em primeiro lugar.
- Não se vive só de amor minha filha, nós mulheres temos as nossas necessidades.
- Eu já falei que o amor está em primeiro lugar mamãe.
- Está bem minha filha agora vá buscar o vestido e não se demore.
Lúcia e Virginia seguem em direção à casa de dona Alma, Lúcia contrariada com as palavras da mãe segue calada não se demoram estão a chamar o nome em frente da casa.
- Dona Alma.
- Entre meninas!
- Boa tarde nós estamos aqui para buscar nossos vestidos.
- Já estão prontos e ajustados, mais mesmo assim e bom que vista para ver se precisam de mais algum ajuste.
- Boa tarde Lúcia e Virginia.
- Boa tarde Linda.
- Chegamos quase juntas.
- E a escola como está muita freqüência?
- E as crianças estão animadas estão comparecendo isso me alegra muito.
Você sabe dizer se chegou alguma encomenda para a escola.
- Pascoal não me falou nada, mais eu posso perguntar a ele.
- Agradecida Lúcia faça esse favor para sua amiga.
- Eu vou ver com ele depois eu falo com você.
- Os vestidos ficaram muito bonitos em vocês os modelos e a cores são ótimos.
- E você Linda não irá?
- Acho que não.
- Mais porque a festa será tão linda e quem sabe achemos nesta festa alguém para nos fazer a corte.
- Virginia terá realmente muitos convidados interessantes, tomara que amiga de sorte.
- E com certeza darei, essa noite vai ser inesquecível.
- Eu ficarei torcendo pela amiga.
- E você Lúcia irá com Pascoal?
- Sim dona Alma o Pascoal irá me levar.
- Bom moço esse Pascoal.
- Pena que nem todos achem dona Alma.
- Sua mãe continua a implicar com ele?
- Cada dia mais e logo que anunciar o meu casamento as coisas há de piorar.
- Mais ela vai se acostumar afinal Pascoal e um rapaz encantador.
- Tomara dona Alma que Deus abençoe as suas palavras.
As moças após aprovarem os vestidos se despedem e seguem de volta para casa, cumprido as ordens de não se demorarem, a tarde vai se indo e sol agora e cada vez mais fraco o movimento das charretes na cidade vai aumentando todos em direção a fazenda Meriza.
Pascoal, seu Credencio e Edson já estão fechando o seu estabelecimento o sino da igreja badala festivamente, padre Borges avisa as beatas que nessa noite não haverá missa, pois os padres irão prestigiar a filha do barão Manolo em sua festa, há horas vão passando e com elas se aproxima a chegada da grande festa esperada por muito na cidade de Resende.