quinta-feira, 7 de abril de 2011

A chegada do Imperador

Serra da Paixão 9º Capitulo.

Não muito longe no outro lado da praça, Joana está na frente da igreja junto com padre Martins que está de saída.
-         Sua benção padre Martins.
-         Deus lhe abençoe Joana. Veio rezar?
-         Não vim me confessar mais o senhor está de saída.
-         Temos outro padre na cidade ou você esqueceu de padre Borges?
-         Não me esqueci e a costume de me confessar sempre com o senhor.
-         Mais a confissão nunca irá mudar será sempre Deus, você e o padre.
-         Eu sei padre Martins.
-         Então entre e vá se confessar.
-         Sim senhor padre a sua benção.
-         Deus lhe abençoe minha filha.
Os dois tomam caminhos diferentes Joana a vista padre Borges anda até sua direção antes que se aproximar do padre sem nenhuma palavra entra no confessionário, padre Borges segue em direção ao mesmo destino no seu lado ajoelha e aguarda em silêncio.
-         Padre me perdoe, pois eu pequei.
-         E qual foi o seu pecado, minha filha?
-         Eu desejo um homem.
-         E qual o pecado nisso, ele e casado?
-         De certo modo sim.
-         Porque de certo modo?
-         Não sei explicar.
-         Tente minha filha.
-         Digamos que ele perante Deus e casado, mais perante aos olhos o povo ele não é.
-         Se ele e casado perante Deus então tire ele de seu pensamento, reze dez pais nosso e dez ave Maria e que deus perdoe seu pecado.
-         Amém padre, até a missa.
-         Vá com Deus.
O padre sai do confessionário e observa a saída de Joana, ela ganha a rua rapidamente esbarrando em Lúcia.
-         Perdão Lucia eu não a vi.
-         Tudo bem. Mas aonde vai com tanta pressa?
-         Estou indo para fazenda, Thomas está me aguardando com a charrete.
-         Você irá para a festa de Marta?
-         Sim eu e Hermes á convite do próprio Barão.
-         Então nos encontraremos lá.
-         Até Lucia.
As duas se despendem seu Credencio acompanha as duas com olhar enquanto Zâmbia entra, despercebido na venda da cidade.
-         Olá seu Credencio bom dia?
-         Bom dia Zâmbia.
-         Vim para o trabalho eu quero saber quando começo?
-          Começa agora. Você está dormindo a onde?
-         Estou dormindo na casa da mata.
-         E um pouco longe da cidade, você dormira aqui na venda a um quarto vago nos fundos e comera aqui também o salário não e muito mais deve dar para você, pode trazer as suas coisas para cá, busque amanhã pós eu vou sair, e você irá ficar aqui em meu lugar, vou te ensinar a fazer o serviço. Nada do que você não possa fazer, alguns clientes estão com seus pedidos e você vai separar as mercadorias.
-         Sim senhor.
 Zâmbia estava aprendendo o serviço, entusiasmado atendia a todos com um sorriso deslumbrante em teu rosto, mas apesar de tanta felicidade seu pensamento estava na fazenda Meriza onde sua mãe e seus irmãos eram escravos o motivo primeiro de seu trabalho era guarda o dinheiro para comprar a liberdade de sua família que também lhe tirava o pensamento.
-         Meu menino não aparece, não manda noticia a guerra já terminou, e nem uma noticia nem o Capitão sabe de nada.
-         Mãe o Zâmbia deve estar bem.
-         Como você pode saber Keire?
-         Não sei mais eu sinto que ele está bem. Agora vamos trabalhar que o maldito Capitão do Mato está nos olhando.
No casarão os preparativos para festa estão sendo rapidamente executados, Marta da ordem para os escravos que organizam a arrumação do salão onde receberá seus convidados.
-         Coloque essa mesa ali no canto eu quero a mesa maior no centro da sala.
-         Marta você vai ter que ir até a cidade, para apanhar o seu vestido, na casa de dona Alma aproveite e passe na venda de seu Credencio para apanhar a minha encomenda.
Já mandei preparar a sua charrete você irá com sua mucama e vê se não vai demorar.
-         Sim senhora mãe.
O cocheiro estava aguardando sinhazinha Marta e a mucama Ione na frente do casarão pitava um cigarro de palha sem se importa com a demora bem sabia que ele teria que levar manso o cavalo, pois a moça não gosta de sua pressa, chicote na mão na cintura uma arma de fogo defenderia a filha de seu patrão se preciso fosse, mas não tardou a sinhazinha Marta aparece com Ione.
-         Vamos partir, não quero tarda na cidade tenho muito a fazeres no casarão, mas não vai correr com o cavalo.
-         Pode deixar sinhazinha, logo estaremos na cidade.
-         Ione você já esteve na cidade antes?
-         Não sinhazinha eu nunca sai da fazenda.
-         Você vai gostar do que vai ver.
O cavalo se apresa em sua caminhada alguns quilômetros mais estará na porta da cidade de Resende sinhazinha Marta e Ione conversa sem perceber que outra charrete se aproxima, a charrete fica cada vez mais próxima.
-         Há uma outra charrete vindo nessa direção sinhazinha.
-         E quem será?
-         Ainda não da para reconhecer.
-         Bem siga não devem ser estranhos.
-         E Thomas o cocheiro da fazenda do senhor Hermes.
-         Siga vamos ver que mais está na charrete.
Os cavalos se aproximam até o encontro das duas charretes os dois cocheiros se cumprimentam apenas com um gesto.
-         Olá Joana.
-         Marta está indo a cidade?
-         Sim vou buscar o vestido para minha festa de aniversário.
-         Aniversário e também noivado.
-         Sim minha amiga eu espero que compareça.
-         Estarei com a família até o dia Marta.
-         Até Joana.
-         Siga Thomas.
A charrete está quase chegando na ponte sobre o rio Paraíba, os casarões já podem ser avistados, Ione fica encantada com tanta beleza.
-         Como e bonito sinhá.
-         E muito bonito Ione.
Logo estão na frente da casa de dona Alma, a marcha dos cavalos denunciam a chegada de visita dona Alma sai para receber os visitantes.
-         Olá Marta boa tarde.
-         Boa tarde dona Alma.
-         Venho buscar o vestido? Ainda faltam alguns ajustes, mas logo estará pronto. Entre lá você vestira o vestido e faremos o que falta.
-         Sim dona Alma eu já estou entrando. Cadê a Linda?
-         Está lecionando na escola.
-         Linda sempre teve prazer em ensinar a pessoas, eu queria fazer o convite para ela e para o Lindolfo, mas vou deixá-lo com a senhora.
-         Sim obrigado Marta, mas vamos entrar. Vamos até o quarto para você vestir o vestido.
-         Sim senhora. E que como ficou o vestido?
-         Ficou lindo só mais, um ajuste na manga e tudo vai ficar perfeito.
-         Este ajuste vai demorar?
-         Alguns minutos Marta.
-         Então eu vou à venda de seu Credencio pós tenho uma encomenda feita por minha mãe eu vou buscá-la.
-         Sim então até a volta.
-         Até a volta.
A menina Marta entra em sua charrete em direção a venda de seu Credencio, Ione fica aguardando na casa da costureira Alma à volta de sua patroa.
No caminho Marta e cumprimentada por várias pessoas que pergunta pela sua mãe e o senhor barão a charrete faz uma parada e Marta desce e avista padre Martins.
-         Sua benção padre Martins.
-         Que Deus lhe abençoe Marta. O que faz aqui na cidade?
-         Vim buscar o vestido para o meu aniversário e uma encomenda para minha mãe na venda do seu Credencio.
-         E o senhor barão como se encontra?
-         Trabalhando na colheita do café.
-         Mande lembranças eu não quero te atrasar vá e faça aquilo que tem a fazer, e que Deus lhe guarde.
-         Amém padre.
Marta sobe novamente na charrete e segue para a venda o cocheiro para em frente uma árvore com uma grande copa procurando uma sombra para ele e seu cavalo, Marta desembarca e segue com a sombria aberta até a entrada da venda  aonde avista um homem de costa e o chama.
-         Olá boa Tarde.
-         Pois não o que deseja?
-         Você! E aqui que e seu novo trabalho?
-         Eu trabalho aqui o Capitão me arrumou este serviço.
-         Trabalha aqui e mora tão longe?
-         Não moro mais na casa da mata estou morando aqui agora, buscarei o restante das minhas coisas amanhã.
-         Que pena! Quero dizer que bom o chato e que você não está mais perto da mata lá e um lugar tão belo.
-         E verdade e muito bonito. Mas o que te traz por aqui?
-         Eu vim buscar uma encomenda.
-         Tem uma encomenda separada mais e do Sr Manolo.
-         Sim essa e encomenda.
-         Mais você mora na fazenda Meriza?
-         Não eu moro próxima.
-         Nunca soube que seu Manolo tivesse empregada branca.
-         E não sou empregada estou apenas fazendo uma gentileza.
-         Desculpe-me eu não quis ofendê-la.
-         Não me ofendeu Zâmbia.
-         Eu vou levar a encomenda para charrete.  
-         Não espere um pouco.
Marta vai até o cocheiro e como quisesse tirá-lo do local pede que ele uma agulha na venda do Sr Evaldo.
-         Sim sinhá já eu estarei de volta.
-         Não se apresse eu aguardo.
Enquanto o cocheiro vai até a venda do Sr Evaldo Marta entra novamente para a mercearia.
-         Agora vamos ainda tenho que passar na casa de dona Alma.
-         Sim Michele.
-         Coloque ali, pois ainda tenho outra acompanhante.
-         Sei que não tenho o direito de perguntar...
-         Se não tem o direito, por favor, não pergunte.
-         Perdão eu não quis ser inconveniente.
-         Agora você pode entrar eu tenho que ir!
-         Até.
-         Zâmbia você ainda vai voltar à casa da mata?
-         Sim eu tenho que apanhar algumas coisas que ficaram para trás.
-         Está bem então talvez eu te encontre lá pela casa da mata.
-         Michele antes que se vá eu peço um favor.
-         Peça se estiver ao meu alcance.
-         Já que vai para a fazenda Meriza, você não conhece alguém na senzala talvez um escravo de dentro que possa confortar o coração de minha mãe e dizer que eu estou vivo e livre e que estou trabalhando para poder comprá-los do barão Manolo.
-         Eu vou ver se eu dou um jeito de avisá-la.
-         Muito agradecido.
-         Não a de que, agora eu preciso ir já e tarde eu ainda tenho coisas a fazer.
-         Desculpe não quis tomar o seu tempo.
-         Não tomou Zâmbia sua causa e nobre igual os seus sentimentos.
Antes de partirem os dois trocam olhares e ela se despede secamente o cocheiro já está posto na charrete e entrega a agulha a Marta e antes que saia do local faz o seguinte comentário com a sinhazinha Marta,
-         Esse rapaz não me parece estranho.
-         Eu não o conheço.
-         Talvez eu esteja enganado.
-         Bem então vamos parar com essa prosa.
O cocheiro segue para a casa de Dona Alma sem tocar novamente no assunto ao passarem pela escola avista Linda.
-         Linda, estamos indo para sua casa, suba.
-         Olá Marta como está bela.
-         Obrigada amiga. E você vai a minha festa?
-         Sim se mamãe permitir eu estarei lá. Você veio ver o vestido?
-         Sim ele está lindo, sua mãe e uma ótima costureira.
-         E ela costura muito bem. E o seu noivo você já o viu?
-         Ainda não. Nem o conheço, mas temos que acatar a vontade de nossos pais, eles nem conhecem nossos sentimentos e decidem nossos destinos, somos tratados como pés de café cuidados para mais tarde sermos negociados será que vai ser sempre assim?
-         Acredito na mudança um dia escolheremos os nossos próprios maridos.
-         Mas vamos falar de coisas boas, e o seu coração bate por alguém?
-         Ainda não, mas a festa e uma ótima oportunidade para conhecer alguém.
-         Com certeza, vai está cheio de pretendente.
-         Chegamos vamos entrar.
-         Aguarde aqui de um pouco de água ao cavalo eu não demoro logo volto.
-         Sim sinhazinha o tempo está fechando para o lado da Vila de Campo Belo, espero sairmos antes da chuva.
-         Já disse que não me demoro.
As moças se apressam e Marta segue direto para o quarto e coloca o vestido que lhe cai muito bem, agradece a dona Alma à paga pelos serviços segue para charrete junto com Ione.
-         Muito agradecida pelos serviços, espero vocês na festa.
-         Até a festa Marta.
-         Obrigado pela companhia Ione.
-         Eu que agradeço Dona Alma.
-         Vamos a chuva parece estar chegando e eu não quero molhar esse vestido.
A chuva a redor de Resende e forte e na saída da cidade Marta encontra os seus irmãos.
-         Ola Rubens para onde vocês vão?
-         Um soldado veio informa que o Imperador está a caminho de Resende e vou a seu encontro.
-         Está chovendo muito para o lado de da Vila de Campo Belo meu irmão, você tome muito cuidado.
-         Tomaremos, agora vá, pois chuva está chegando para o lado da fazenda.
O Capitão e seus irmãos seguem mais a chuva e mais veloz que os seus cavalos alcançam-os, sem parar cruzam a cidade onde não vê ninguém, pois todos estão abrigados do temporal. O rio Paraíba se enche cada vez mais, os raios e trovões assustam os cavalos, Maciel não domina o seu animal e acaba caindo.
-         Maciel se machucou?
-         Não Leonardo está tudo bem.
O rapaz monta o seu animal e segue em frente, alguns minutos de cavalgada o Capitão avista uma caravana vindo em frente uma tropa de oito cavalos, os cavalos vão se aproximando até chegar a frente ao Major De Assis, o Capitão Rubens o saúda com uma continência.
-         Boa Tarde.
-         Boa tarde se apresente militar.
-         Capitão Rubens Ferraz de Vasconcelos. Peço permissão para escoltar o nosso Imperador.
-         Tem permissão militar. E que são os seus acompanhantes?
-         Meus irmãos Leonardo e Maciel.
-         Sejam bem vindos. A chuva nos pegou de surpresa.
-         Se os senhores estão a caminho do Rio de Janeiro, passarão pela fazenda de meu pai e caminho, lá terão roupas secas e um bom vinho como também o melhor café do vale.
-         Bem o Imperador está indo pernoitar no Palacete, mais eu agradeço o convite.
-         O que faz tão longe da tropa Capitão?
-         Estou de licença após a guerra fui até a academia e fui dispensada para rever meus genitores.
-         Como se chama seu pai?
-         Barão Manolo Ferraz de Vasconcelos.
-         O Barão Ferraz de Vasconcelos tem muitas terras aqui em Rezende?
-         O suficiente para umas boas sacas de café do qual espero que o senhor possa deliciar.

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