Serra da Paixão 8º Capitulo
As duas seguem para o riacho da mata Ione se atreve a abrir o guarda sol sobre a cabeça de Marta mais e logo repreendida, no caminho encontra Maciel, Cauã e Jarty que as olham com olhar de espanto.
- O que foi garotos; vocês viram a pintada?
- Não Sinhazinha e essa escrava ela parece com Ione à negra da senzala.
- Mais ela e a Ione, Cauã ela agora e minha mucama.
- Mas ela está tão diferente com essas roupas.
- E está sim, mais agora já vamos indo, até.
- Até Sinhazinha.
- Vamos logo Ione nós já perdemos muito tempo.
A mucama Ione a segue em passos longos ate a chegada da mata a onde as duas são obrigadas a andarem com bastante cautela. Ione parece conhecer cada buraco da mata não se importa com o mato alto que e pulado por Marta.
- Conte-me como e a vida na senzala.
- Não é muito agradável Sinhá nem para se ouvir, a lida e chicote são constantemente em nosso dia a dia.
- Mais e você do jeito que e bela devia ser muito cobiçada pelos negros?
- Sim Sinhazinha os negros procuram as jovens muito cedo, mais meu irmão e muito respeitado dentro da senzala.
- E qual o nome do seu irmão?
- Chama-o de Gil Pará.
- Nome esquisito esse. Mais e você nunca teve nenhum grande amor?
- E um mais...
- Já sei seu irmão assustou o seu pretendent! Você tem quantos anos?
- Não sei ao certo.
- Aparenta ter uns dezessete talvez dezoito. Estamos chegando.
- A sinhazinha gosta de se banhar no riacho da mata todos os dias?
- Gosto, mas não venho todos os dias.
- Sinhazinha não teme a pintada?
- Ione fala-se muito dela mais na verdade eu nunca a vi.
- Mais ela e real sinhazinha.
- Pode até ser, então fique atenta a danada da onça!
- Eu ficarei sinhá.
- Fique aqui que eu vou um pouco mais a frente, não saia daqui!
- Sim ficarei aqui Sinhá.
Marta segue em frente sem se preocupar, seu vestido cheio de carrapichos vai vencendo o grande mato, a casa da mata não muito longe desperta o olhar curioso, seus passos aumentam como aumenta sua respiração e as batidas de seu coração. De repente surge no meio do mato como se fosse um fantasma o negro Zâmbia, parado com o facão em uma mão e na outra um pato do mato.
- Não se assuste sinhá. O que é que a sinhá faz por aqui?
- Vim me banhar no ribeirão.
- E quem é aquela que está a sua retaguarda?
- E uma amiga. Como você a viu?
- Eu estava em cima daquela árvore. Como ela se chama?
- Por que quer saber, qual seu interesse nela?
- Calma Sinhá, não a interesse nenhum.
- Eu te trouxe um pedaço de pão e um pouco de leite deve estar com fome.
- Não precisava se preocupar comigo.
- Não estou preocupada só quis ajudar.
- Muito grato pelo ajuda.
- E você fica mais tempo por aqui?
- Não eu vou para cidade um amigo me arrumou um trabalho por lá.
- Isso e bom às coisas estão se arrumando para você.
- Só irei comer um pouco e já vou para cidade
- Então coma.
- Você está servida?
- Não eu já tomei café, eu hoje acordei muito cedo.
- E porque a sinhá está sozinha se tem uma amiga?
- Ela fala de mais, pode fazer algum comentário errado sobre você.
Você disse que um amigo lhe arrumou o serviço?
- Sim Sinhá.
- Não me chame de Sinhá você e negro livre.
- E como eu vou te chamar se e uma moça branca?
- Michele e o meu nome.
- Bem então eu te chamarei Michele.
- E quem e esse amigo?
- Ele e um Capitão filho do meu antigo dono o barão Manolo.
- E qual e o nome dele?
- Ele se chama Rubens você o conhece?
- Conheço sim, eu tenho que ir.
- Não vai se banhar? Não vou atrapalhar eu irei me embora.
- Não já e tarde amanhã voltarei mais cedo.
- Não estarei aqui.
- Mais o ribeirão estará.
- Desculpe-me eu não quis se pretensioso.
- Eu que fui um pouco má educada.
Mais eu tenho que ir mesmo.
- Até Michele.
- Até Zâmbia.
A menina Marta volta correndo em direção a Ione, seus passos ganham força em meio ao mato alto, o coração comemora o encontro com alegria, os olhos brilhavam como estrela em noite de lua cheia, a menina parece estar encantada. Ao chegar olha para Ione e pede que abra o guarda sol.
- A Sinhá não se banhou?
- Não já e tarde, vamos embora amanhã voltaremos.
- A sinhá perdeu a bolsa que estava.
- E devo ter esquecido em algum lugar.
- Não quer que eu vá buscar?
- Não Ione. Vamos logo embora escutei algo estranho vindo da mata.
- Então vamos sinhá pode ser a danada da onça.
- Pare de ser medrosa Ione!
A negra Ione fica assustada, mais e logo acalmada por Marta que sorri vendo a expressão de medo de Ione.
- Você conhece todos na senzala?
- Sim nós todos se conhecemos apesar de muitos, só os negros que seu pai comprou de fora que eu não conheço chegaram há três dias. Mas porque a Sinhá pergunta?
- Curiosidade. Vocês agem como uma família?
- E temos nossas diferenças não somos todos da mesma tribo não temos os mesmo costumes mais somos todos negros e escravos.
- E isso você tem toda a razão.
- Procuramos amenizar a dor que a sola aquele lugar.
- Vamos aperta o passo eu estou com fome.
- Sim Sinhá.
Enquanto elas seguem em direção a casa grande da fazenda no outro lado da cidade na casa de pães Lindolfo chega.
- Olá amigo Lindolfo o que traz o amigo aqui nessa hora do dia?
- O falta de uma prosa. Conte qual são as novidades.
- O que se fala na cidade e sobre a passagem do Imperador Dom Pedro pela cidade.
- E será que ele se hospedará na cidade?
- Não dizem que ele só passará, pois já vem de uma hospedagem na casa do Barão de Tremembé.
- Bom amigo eu pensei que ele fosse estar na festa de Marta.
- O Imperador em uma festa a aqui na cidade?
- E pode ser um pouco demais, mais dizem as bocas pequenas que o tal escolhido para Marta e filho de um barão que tem bastante influência na corte.
- Talvez ele possa passar na casa do Barão Manolo para lhe dar os parabéns e quem sabe beber uma caneca de vinho.
- Você e suas festas Lindolfo não podem faltar vinho.
- O que há de melhor vamos deixar faltar?
- Pois bem que venha o imperador!
- Eu tenho que ir prometi em ajudar meu pai a construir um chiqueiro, mais tarde vamos encontramos na taberna do Edson?
- Depois de ver minha amada.
- Eu te aguardarei lá, até logo.
- Até amigo.
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