quarta-feira, 13 de abril de 2011

A rápida passagem do Imperador a cidade de Resende.

Serra da Paixão.

A chuva castigava os cafezais e também aos nossos cavaleiros, na passagem pela cidade os moradores espiavam pelas fendas das janelas a passagem do Imperador.
Os cavalos seguem a galopes rápidos logo se vê o Palacete aonde o imperador irá se hospedar, ao chegarem o Imperador, Major e um Tenente se dirigem ao Palacete, um sargento com quatro soldados fica de guarda a frente e ao lado do Palacete.
O Imperador ignora a presença do capitão Rubens e dirige a palavra somente ao major que acompanha sua comitiva, depois de algumas palavras e gestos ele permite que o capitão Rubens se apresente.
-         Capitão eu espero que esteja descansado você hoje irá reforça a guarda já que meu efetivo e de poucos homens e eles estão cansados da viagem.
-         Será uma honra vossa alteza.
-         Agora vou me retirar ao meu aposento, pois preciso trocar as minhas vestes que estão encharcadas, a guarda está a seu comando.
Junto com o Imperador segue o major e o tenente o capitão Rubens passa as ordens para o sargento e para os demais soldados, dois deles ficam ao franco e ele fica a frente do Palacete, liberam dois soldados e o sargento para um descanso de duas horas, e mais trinta minutos para mudar a farda e se alimentarem, logo depois pede que Leonardo e Maciel sigam a fazenda e explique o ocorrido ao barão Manolo.
A chuva passa mais trás um frio que faz tremer os dentes o Capitão Rubens, faz a troca dos soldados e decide permanecer no posto algumas horas a mais para o descanso do sargento.
No silencio da madrugada da cidade só escuta um vira-lata e o relinchar dos cavalos o capitão Rubens e surpreendido pela chegada do tenente.
-         Muito frio Capitão?
-         Já passei por pior Tenente.
-         Lutou na guerra do Paraguai?
-         E você não?
-         Não Capitão eu sou ordenança direto do Imperador, homem de confiança de vossa alteza.
-         E como é trabalhar direto com o Imperador?
-         Tem as suas vantagens o respeito dos demais oficiais de maior patente e uma dessas vantagens.
Mais conte mais da guerra!
-         Eu não tenho boa historias só morte e uma violência fora comum, deu sorte de não ter ido para o campo de batalha.
-         Mais saiba o senhor que eu não tenho orgulho de ter ficado.
-         Eu não insinuei isso!
-          Claro que não Capitão, eu estive com grandes militares que lutaram essa guerra e todos relatam que foi uma verdadeira carnificina para o Paraguai.
-         E nenhum deles deixou de lhe falar a verdade.
-         Capitão Rubens não e isso?
-         E o seu nome qual e?
-         Tenente Mallet.
-         Bom Tenente eu vou acordar o sargento, pois quero colocar a roupa para secar, ele ficara duas horas e ai você assuma o posto e faça a rendição da guarda.
-         Isso e um pedido Capitão?
-         Não Tenente Mallet e uma ordem, já que eu vejo que não está tão cansado.
-         Mais...
-         Boa noite Tenente até ao amanhecer qual quer emergência eu estarei no quarto da guarda.
-         Boa noite.
O Tenente fica com cara de poucos amigos não gosta da ordem dele imposta pelo Capitão Rubens, ele aguarda a chegada do sargento para fazer a rendição dos soldados enquanto observa a um rato do outro lado da rua o roedor corre de um lado para outro tentando se esconder da chuva fina que cai sobre Resende.
Na igreja padre Martins e padre Borges tentam se esconder do frio debaixo dos cobertores o lampião ainda aceso ilumina o quarto paroquial.
Na fazenda Meriza os escravos se aquecem no meio da palha seca duas vozes cochicham na escuridão mais logo um silêncio toma conta da noite, mais nem os pássaros de costumes noturnos se atrevem a voar na neblina gelada, Zâmbia que voltou a casa da mata com uma fogueira tenta se livrar do frio.
A casa da mata com sua janela aberta, não guarda o negro do frio, encolhido o negro canta uma ladainha em voz baixa o fogo aquece e também amedronta os animais.
Mas logo o sol vem tomar o lugar da fogueira, Zâmbia vai até o ribeirão em busca de água fresca, na senzala os negros se levantam com os gritos do Capitão do Mato.
-         Vamos negrada vamos para lida.
Nem um negro se atreve a reclamar, todos se levantam sem demora os olhos fixos na chibata estampa no rosto de cada um o medo.
Na casa grande a mesa já está posta, inhá Tonhá acordou bem cedo não quer atrasar o café era ordem do Barão Manolo que ela coloca-se bem cedo o melhor na mesa.
Quem sabe Rubens trouxesse o Imperador para a fazenda, queria servi-lo da melhor maneira possível.
O Palacete de Resende tão luxuoso estava em festa, afinal não teria a tanto uma visita tão importante os dois padres logo se colocaram a frente da entrada aguardando o levantar do Imperador, não se demora muito o Major De Assis está de pé.
-          Sua benção padre.
-         Deus lhe abençoe.
-         Eu sou o Major De Assis comandante da guarda pessoal do Imperador.
-         E um prazer Major.
E o Major teve uma boa noite de sono?
-         Tranquila como deve ser Padre.
-         E o Imperador ainda não se levantou?
-         Ele acorda bem cedo creio eu que deve estar lendo, mais não deve se demorar ele falou que irá seguir viagem que quer chegar ao Rio de Janeiro ainda hoje.
-         Certo Major, vamos aguardar sem incomodá-lo!
Toda a guarda do Imperador se encontra a porta do Palacete, incluindo o Capitão Rubens, passos no piso de madeira anuncia a chegada do Imperador os que estão presente se curvam em reverencia a Vossa Alteza o Imperador.
-         Bom dia aos presentes.
-         Vossa Alteza está aqui o Padre da cidade.
-         Sua benção Padre.
-         Que Deus nosso Senhor abençoe o nosso Imperador.
-         Padre o que acontece de novo na cidade?
-         A cidade de Resende trabalha para um império soberano.
-         Tens noticias de algum republicano na cidade?
-         Quem seria louco de ir contra sua coroa Vossa Alteza?
-         Nos dias de hoje não e tão difícil, mais como o sagrado Padre não e um homem que tem a mentira em seus lábios ei de acreditar.
Padre Borges eu vejo que chegou bem em seu destino!
-         Sim Vossa Alteza foi uma viagem tranquila.
-         Por me demorar na Fazenda do Barão de Tremembé, sigo viagem agora mais prometo que visitarei em outra ocasião a cidade.
-         Com a licença Vossa Alteza, gostaria que desse a minha família a honra de oferecer pelo menos um bom café da manhã, já que a pressa e sua companheira eu adianto que a fazenda de meu pai e passagem obrigatória para a saída da cidade e destino ao Rio de Janeiro.
-         Sendo assim não posso recusar o convite desse oficial.
-         Capitão Rubens de Vasconcelos, Vossa Alteza.
O Capitão, Major, Tenente, Soldados e o Imperador montam os seus cavalos e seguem em direção a Fazenda Meriza.
Os trotes rápidos dos animais ganham o verde pasto de Resende logo eles avistam a Fazenda Meriza, na porteira da fazenda outro cavaleiro sai em disparada em direção à casa grande onde encontra o Barão Manolo sentado na varanda.
-         Barão a comitiva do Imperador já aponta na estrada velha.
-         Vou avisar aos de dentro guarde o cavalo e fique atento ao meu chamado Surue.
Surue segue as ordens do Barão e corre para guardar o cavalo, a comitiva agora já está na entrada da porteira, os negros avistam de longe a chegada do Imperador.
-         Vossa Alteza, e uma grande honra lhe abrir a porta de minha humilde casa.
-         Muito grato barão, Como está o plantio do café?
-         Estamos na colheita e nesse ano superou o esperado.
-         Os cofres ficarão mais cheios?
-         Sim nossos cofres ficarão mais cheios.
-         Não pude resistir ao convite de seu filho para tomar segundo ele o melhor café da região.
-         Fique a vontade Majestade vamos entrar.
-         E você jovem soldado quando volta para a caserna?
-         Está semana logo após a festa de aniversario de minha irmã, após a festa viajarei para Rio de Janeiro.
-         E onde está a aniversariante?
-         Ela se retirou para o seu aposento está descansado para a festa de seu aniversario e noivado.
-         Noivado?
-         Sim Imperador, ela também ira ficar noivo do filho do Barão Edgar Torres.
-         Barão Edgar! Será o pai de Pedro creio eu?
-         Sim o menino Pedro irá fazer a corte a minha filha.
-         Não tem melhor jovem do que o filho do Barão Edgar.
Todos na sala prestam reverencia ao Imperador a mesa farta de frutas, guloseimas, leite e café, os oficiais presentes na mesa fartam-se com tamanha fartura, enquanto Inhá Tonhá providencia café para o Sargento e Soldados que ficam fora da casa.  Após mais algumas canecas de café o Imperador se levanta e surpreendido com a entrada de Marta.
-         Vossa Alteza!
-         A nossa falta de moderação no tom de nossa voz acordou tão belo sono?
-         Não se incomode Vossa Alteza já estou acordada e mui bem descansada, dormir como um anjo.
-         Sim pela sua aparência você parece mui disposta.
-         E estou Majestade.
-         Vejo que jovem Pedro fez uma bela escolha pós e mui bela a graciosa.
-         Mui agradecida meu Imperador pelo elogio real.
-         Sou sincero no que falo eu conheço belas princesas e duquesas e baronesas e algumas nem perto de sua beleza chegam.
-         O senhor e mui generoso.
-         E quando será o casamento?
-         Para o fim do ano talvez no mês natalino.
-         Desejo muitas felicidades eu conheço Pedro desde pequeno e o seu nome foi em minha homenagem e um bom rapaz
-         Mui agradecida passarei ao meu futuro noivo os votos de vossa majestade.
-         E você jovem oficial? Vejo que tem condecorações por ato de bravura.
-         Sim senhor eu lutei na Dezembrada o combate foi muito constante muito soldados mortos brancos e negros.
-         Lutar pela sua nação e um ato de bravura e amor, em uma guerra se mata e se morre.
-         Sim senhor.
-         E bom contar com homens corajosos em nosso exército mais às vezes o sentimentalismo não nos leva a nada meu caro oficial eu reconheci que os negros também fazem parte desse país, e ponderar sobre tal assunto e pura perca de tempo, você pode ter um belo futuro ao lado do Império não estrague a sua oportunidade.
-         Sim senhor. 
-         Bem Barão eu tenho que partir, eu tenho assuntos pendentes a resolver, mas agradeço pela hospitalidade prestada, lembrarei com carinho o modo o qual fui recebido.
-         Disponha Imperador a casa estará sempre aberta para o senhor.
-         Obrigado. E você Capitão assim que chegar ao Rio de Janeiro me procure.
Pegue papel e uma pena que eu mesmo de próprio punho vou recomendá-lo.
-         Sim senhor Imperador.
O imperador desenha algumas linhas e sela com o brasão real, os cavalos apostos em frente à casa grande aguardam paciente a chegada do Imperador e de seus soldados já montados prestam continência ao Imperador os oficiais tomam a sua montaria enquanto o Imperador se despede de Marta e sua mãe, após trocarem cortesia o Imperador monta e segue viagem sem mais tempo a perder.

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