Serra da Paixão.
O dia de domingo esta as clara, Capitão Rubens amanhece na varanda sentado na cadeira em sua frente o cachorro Pescador olha curioso e puxa a barra da calça do Capitão.
- O que está fazendo Pescador.
Nossa já e dia claro!
Muito obrigado por ter me acordado seu pulguento.
O capitão alisa a cabeça do Pescador se despede e entra na cozinha encontra inhá Tonhá que logo cedo prepara o café da família.
- Bom dia Tonhá
- Bom dia sinhozinho Rubens.
- Alguém já levantou além de você?
- Não hoje o povo dessa casa costuma a dormir até um pouco mais tarde.
- Melhor assim, eu vou me arrumar e tomar um bom café depois eu quero ir à igreja.
- O sinhozinho não está com dor no corpo?
- Você me viu na varanda?
- Sim não quis acordar o sinhozinho.
- O Pescador não pensou igual a você Tonhá.
Bom agora eu vou me arrumar, pois, quero ir à missa.
- Eu irei preparar um café para que tome antes que saia.
- Muito grato Tonhá.
Enquanto o Capitão entra para trocar as vestes, Tonhá se dirige para cozinha onde a água do café ferve.
Marta que não conseguira dormir direito pela ansiedade causada pela chegada de sua festa se levanta e se arruma no seu quarto.
Na porta da cozinha o índio Jarty se coloca a espera de café o quem sabe um bom pedaço de pão ou bolo.
- Bom dia Jarty como sempre acordado primeiro do que o galo.
- O sol já está se preparando para sair, os pássaros já cantam e anuncia o dia, não sou eu que levanto, mais e eles que me acordam.
- Bem índio se aguarda logo sairá um bom café e com ele um pedaço de pão.
- Eu irei aguardar quietinho aqui do lado de fora.
- Está bem logo o café sai.
Enquanto Tonhá prepara o café Marta já está pronta e sai do seu quarto, em direção a cozinha.
- Porque a menina Marta está tão cedo acordada?
- Bom dia Tonhá eu não consegui dormir bem está noite.
- Algum mal estar
- Não Tonhá insônia mesmo.
- Deve ser por causa da festa.
- Pode ser mais hoje tive um sonho estranho.
- Que sonho sinhá?
- Sonhei que o sol beijava a lua!
- Mais como e isso sinhá o sol nunca a de se encontrar com a lua.
- Foi só um sonho inhá, nada mais que um sonho um sonho muito bonito.
Alguém se levantou?
- Seu irmão Rubens ele foi se trocar para ir missa.
- Rubens indo a missa deve ter algum interesse ele nunca foi muito de ir à missa.
- E me lembro de seu pai brigando com Leonardo e Rubens, para irem à missa.
- Estão falando de mim?
- Sim! Tonhá falou que você estava se arrumando para ir para igreja.
- Sim estou indo para igreja!
- Não sabia que era tão católico.
- Bom faz tempo que não vou uma missa, quero agradecer por ter voltado e pelas graças recebidas, e você quer me acompanhar?
- Não meu irmão, hoje não.
- Sinhozinho pode se assentar que eu vou levar o seu café.
- Bom Tonhá seja rápida, pois não quero me atrasar.
- Já está quase pronto vou pegar a caneca e logo vou servi-lo.
- E você Marta por que tão cedo acordada?
- Eu estava falando com Tonhá agora que tive insônia essa noite.
- Mais uma menina tão nova como você se preocupa com o que para ter insônia?
- Meu irmão não fique ofendido com o que eu irei lhe perguntar e tão pouco me aches atrevida.
Mais o que você faria se o papai escolhesse uma noiva para você.
- Entendi porque a insônia, isso e assunto que infelizmente não posso te ajudar, mais respondendo a sua pergunta eu, não gostaria que isso acontecesse, eu mesmo quero fazer esta opção.
- Para vocês homens tudo e mais fácil, nós mulheres temos que fica no julgo de nosso pai e depois quanto saímos de casa no julgo de nosso marido.
- Mais esses casamentos de conveniências sempre ocorreram, o seu casamento não será o primeiro e nem será o ultimo.
- Mais para vocês as coisas sempre são mais favoráveis.
- E lembre-se que Pedro também não está tendo opção apesar de ser homem.
- E verdade eu acho que estou sendo um pouco egoísta.
- Mais o que tiver de ser será.
- Espero que pelo menos eu sinta algo por ele após conhecê-lo.
Enquanto Marta e Rubens conversam o café e posto, o cheiro já pode ser sentido por Jarty, que aguarda a sua vez.
O que acontece assim que Tonhá serve a Rubens e Marta.
- Bem já estou de saída até logo.
- Rubens, muito abrigada pela conversa.
- Não a do que minha irmãzinha querida.
O Capitão sela o seu cavalo e sai como um vento, terminando de comer um pedaço de pão em cima de sua montaria e segue em destino a cidade.
No momento de sua saída seu pai acaba de se levantar, vai até a cozinha para tomar café e encontra sua filha Marta.
- Bom dia Marta?
- Sua benção meu pai.
- Quem mais já se levantou?
- Rubens meu pai, foi para a missa.
- Rubens na missa, estranho aquele eu tinha que brigar para tirá-lo da cama para a missa de domingo.
- E meu pai as pessoas mudam.
- Minha filha eu estive pensando, e vou buscar na senzala uma escrava para ajudar Tonhá no afazeres da cozinha.
- Sim meu pai, eu posso ajudar na escolha?
- Bem eu vou separar algumas e trarei até aqui, você poderá escolher aquela que lhe prouver.
- Sim senhor meu pai.
Ao chegar até a senzala, o menino Jarty com o pedaço de bolo na mão o divide com o menino Cauã.
- Muito agradecido bom amigo, a onde arrumou o bolo?
- Na casa com inhá Tonhá.
- Hoje tenho que ajudar minha mãe na lida.
- Eu irei com você.
- Mais por quê? Você não e escravo.
- Mais sou seu amigo e irei para ajudá-lo.
- Bem então vamos se não o Capitão do Mato vai apressar a gente.
Na casa todos já estão acordados, o Barão Manolo segue com destino ao cafezal, Leonardo e Maciel estão à mesa tomando o seu café. A senhora Rosa já prepara o cardápio para o almoço, Marta arruma um chapéu e se dirige até sua mãe.
- Mãe. Vou até o ribeirão para se refrescar um pouco.
- Não demore, para o almoço Marta.
- Sim, estarei aqui para almoçar.
Marta sai para o ribeirão, ao passar por alguns escravos que abaixam suas cabeças ao passarem pela sinhazinha, o Barão Manolo não gosta que os escravos olhem para sua filha e proíbe que os escravos o façam. Ao chegar ao ribeirão tira o vestido para se refrescar, faz muito calor ela arrisca um mergulho por entre as pedras, água gelada refresca o seu belo corpo, ela sai da água e se assenta a beira do ribeirão, aproveitando o sol para se secar, nas proximidades houve um barulho, assustada se cobre com o vestido, com medo brada em alta voz.
- Tem alguém ai?
Sem resposta ela olha para todos os lados, talvez seja um, bicho, talvez seja a pintada, mais será que a danada sairia da mata, vários pensamentos passavam pela cabeça de Marta, quando de repente surge em sua frente um mulato com boas roupas e calçados de botas cabelos lisos mais pele escura olhos de um preto e um sorriso alvo como a neve da Europa no inverno.
- Não tenha medo sinhazinha, não vou lhe fazer nem um mal.
- Quem e você? O que você quer?
- Sou apenas um negro liberto por defender o Brasil, antigo escravo da fazenda Brás de Vasconcelos.
- Vire-se, por favor, vou me vestir!
- E você quem e?
- Sou, sou uma moça muita assustada você me assustou, pode se virar agora.
- Perdão eu não quis assustá-la vim apanhar um pouco da água para beber e cozinhar.
- Você mora por aqui?
- Sim sinhazinha, eu estou na velha casa da mata, cheguei há uns dois dias atrás.
- Bem mais se e livre e já foi escravo em uma fazenda tão próxima porque está por aqui se escondendo?
- Sou negro livre sou liberto por lutar por essa terra, e trago junto ao corpo, minha carta de alforria.
- Você e soldado?
- Fui dispensado pelo o rei e ganhei minha carta de alforria, sou negro liberto livre como um passarinho e quero comprar a liberdade de minha mãe e de meus dois irmãos.
- Como se chama? E quem e sua mãe?
- Eu me chamo Zâmbia, minha mãe ainda e escrava na fazenda do Barão Manolo, você conhece?
- Vamos dizer que eu já ouvi falar do Barão.
- E qual e o nome da sinhazinha?
- Meu nome e... Porque quer saber meu nome?
- E porque não devo saber já que lhe falei o meu?
- E verdade meu nome e Michele.
- Belo nome sinhazinha.
- Bem já e chegada há minha hora eu tenho que ir embora mais, outra hora eu voltarei.
- Mais a sinhazinha mora a onde?
- Eu moro depois da fazenda.
- Não conheço ninguém que mora depois da fazenda!
- Mais se era escravo como pode conhecer se só vivia na lida?
- E verdades mais eu falo, porque andei por muito na fazenda e nunca vi casa alguma mesmo de longe.
- Bom a primeira coisa que a de saber e que muito mudou por cá.
- Mais não faz tanto tempo que sai daqui.
- As coisas mudam todos os dias, nem todo dia faz sol às vezes chove!
- E verdade sinhazinha.
- Mais agora eu tenho que ir antes que se preocupem comigo e venha a minha procura.
- E quem a de procurar a sinhazinha?
- Mais como você faz perguntas deve ter sido expulso do exercito!
- Não fui lutei ate a ultima batalha.
- Meus parabéns mais agora eu tenho que ir.
- Até mais sinhazinha.
- Até mais soldado.
- Não sou mais soldado.
- Eu sei, eu só esqueci o seu nome e bastante diferente.
- Zâmbia.
- Mais agora tenho que ir.
- Então até.
- Até.
Marta se afasta em passos ligeiros em direção a fazenda, Zâmbia a observa a beleza da bela menina mais logo a perde de vista.
Fica um tempo pegando a água sem ter a mínima pressa pensando alto.
- Mais que sinhá bonita essa.
Não sei mais parece que já a vi em algum lugar, devo estar variando.
Marta chega finalmente à fazenda de longe escuta a ladainha que e cantata pelos escravos que trabalham no sol embaixo do olhar de Lourenço.
- Onde você estava minha filha?
- Fui tomar uma fresca no ribeirão.
- Eu não gosto que vá sozinha neste lugar já esta mais que na hora de você ter uma dama de companhia.
- Mamãe cá está eu, e mui bem mais ainda só.
- Mais só até quando não sei eu irei conversar com seu pai só assim me alivio o coração.
- Mamãe como és dramática mais se assim quer, assim será!
- Agora vá se lavar!
- Sim mamãe eu já estou indo.
Na cidade o sino badala avisa que a missa já está para começar na frente da igreja padre Martins recebe o fieis que chegam para a missa.
Rubens se aproxima da praça e cumprimenta as que estão derredores, padre Martins o recebe após ele amarrar o seu cavalo.
- Mais e o nosso herói! Seja bem vindo à casa de Deus.
- Padre Martins eu não sou herói sou apenas mais um que se sacrificou pela o povo desse país, como eu havia muito.
- Deixe de modéstia fico muito feliz em telo aqui.
- Também fico feliz em estar aqui padre.
Teve dias que eu pensei que nunca mais iria rever está igreja está cidade.
- Mais Deus e bom e justo houve nossa orações e suplicas.
- Agradeço padre Martins suas orações foram muito importantes.
- Agora entre e seja bem vindo à casa de Deus.
Rubens entra e se senta enfrente do altar, Maria, e a família Brás se encontram toda presente. Padre Martins apresenta o novo padre a toda à igreja e logo ministram a missa, a impaciência do Capitão Rubens e visível pelos seus gesto e movimentos.
Ao terminar a missa o Capitão segue a cumprimentar a todos, e vai ao encontro de Doutor Brás.
- Bom dia Doutor?
- Bom dia Rubens. Como vai meu jovem?
- Bem.
- E seu pai não veio à missa?
- Não hoje ele tinha alguns afazeres.
- O velho Manolo sempre muito ocupado às vezes esquece até de viver.
- E por causa da colheita, ele está com muito café no pé ainda.
- Bem Rubens eu tenho alguns negócios, com o Antonio estou indo a sua casa será que você fazer companhia para a Maria até a minha volta?
- Claro Doutor Brás, será um prazer.
- Bem Maria se comporte, estarei logo de volta.
- Sim papai mais não demore.
- Não demorarei.
O Doutor Brás se afasta em direção a casa do senhor Antonio, Rubens e Maria fitam olhares e sorrisos.
- Maria, eu estava ansioso para chegar à missa, pois queria te ver novamente.
- Por que esse galanteio Capitão, não sabe que sou uma moça comprometida?
- Sei você mesmo falou-me e faz questão de me lembrar a todo o momento.
Mas com quem é o compromisso?
- Com Hermes.
- Não acredito que a bela Maria tem tanta falta de sorte.
- O Capitão tem um péssimo senso de humor, talvez seja a falta de uma companheira.
- Talvez sim, mas quando você estiver em meus braços o meu senso de humor a de melhora.
- O Capitão ainda continua atrevido.
- Pena que sou vê-la novamente daqui uma semana.
- Talvez me veja antes Capitão, sua mãe me convidou para a festa de sua irmã.
- A festa. Espero que esteja lá.
- E estarei eu e Hermes, ele também foi convidado.
- Pena a festa não ser minha.
- Porque o Capitão me deixaria de fora?
- Você não mais seu acompanhante sim.
- Hermes e uma boa pessoa Capitão.
- E você realmente gosta dele?
- Sim eu gosto muito de Hermes.
- Você realmente o ama?
- Eu gostaria de não discutir os meus sentimentos como você.
- Desculpe mais eu fico contente com sua resposta o seu silencio já me basta.
- Capitão você e realmente muito atrevido.
- Não só falo o que penso.
- Meu pai está voltando que falar sobre esse assunto com ele.
- Não o temo quem sabe assim eu aproveito e a peço em compromisso.
- Não seria tão louco?
- Não! Mais e bom não me tentar menina.
Antes que o Doutor Brás chegasse ao local os dois desconversaram.
- Pronto já estou de volta, muito agradecido Rubens por fazer companhia a Maria.
- Não há de que, foi um prazer.
- Bem já estamos indo, vê se aparece lá na fazenda para almoçar com a gente.
- Qual hora dessas será um enorme prazer Doutor Brás.
- Com um aceno de cabeça Rubens se despede de Maria e sua mãe, e segue em direção ao seu cavalo monta no animal mais uma mão que segura as rédeas, o susto do animal e a surpresa de Capitão Rubens são o cenário no momento, o rapaz presta continência ao Capitão que a devolve.
- Zâmbia meu nobre soldado.
- Capitão Rubens, que surpresa e uma alegria encontrá-lo.
- Eu digo mesmo Zâmbia, e quando você voltou?
- Há alguns dias.
- E onde você está agora já que não e mais escravo?
- Estou na casa da mata, ainda tenho algum dinheiro mais estou vivendo da pesca e da caça.
- Um bom soldado sempre se virá, mais vamos à venda de seu Credencio, para comprar algum mantimento, não temas você agora e homem livre.
- Sim senhor eu tenho aqui minha carta de alforria.
- Da qual tem que se orgulhar, mas agora vamos que ainda tenho que almoçar com minha família.
- Capitão e por falar em família como e que está minha mãe e meus irmãos?
- Está na lida, outro dia sua mãe me perguntou por você.
- Eu voltei livre mais quero ver minha mãe e meus irmãos livres.
- Eu sei amigo mais não vai ser nada fácil, pois você tem que ter o dinheiro para comprá-los e meu pai tem que estar de acordo com a venda.
- Mais vou trabalhar para isso nem que seja a ultima coisa da minha vida.
- Bem agora vamos pensar no agora, pois para trabalhar você tem que se alimentar. Vamos até venda!
Em direção a venda os dois relembram velhos amigos que se foram no combate, brancos, negros e mestiços não importa a cor na guerra, todos eles amigos todos pelo um mesmo ideal sobreviver, momentos de alegria e tristeza em suas faces reflete bem o que e a guerra.
Ao chegar à venda compram os mantimentos e temperos necessários, o senhor Credèncio reclama ao pegar um saco pesado de dor na costa.
- Esses sacos ainda vão me matar.
- E por que você não arruma alguém para lhe ajudar?
- Bem estou pensando nisso um rapaz honesto e forte seria a solução.
- Pois eu conheço um que poderia lhe ajudar.
- E quem e Rubens?
- Aqui está Zâmbia se o senhor não for tiver nada contra os negros.
- Não sou um abolicionista mais também nada tenho contra os negros. Mais este não e escravo de seu pai?
- Não. Zâmbia e negro liberto nós lutamos junto na guerra pelo nosso Brasil, o rei deu sua carta de alforria.
- Zâmbia, herói, D Pedro te deu carta de alforria eu te darei um emprego, a manhã esteja aqui para tratarmos de quanto irá ganhar pelos seus serviços.
- Sim senhor.
- Até breve senhor Credencio.
- Até Rubens, e meus parabéns pela sua promoção ao posto de Capitão.
- Agradecido senhor Credencio.
Zâmbia segue com um belo sorriso, afinal ele estava empregado e ganharia para fazer o serviço ao contrario da senzala onde trabalhava e quando ganhava alguma coisa ela se resumia as chibatadas, o Capitão se despede de Zâmbia e segue para a fazenda onde vai almoçar com sua família.
Na cozinha da fazenda o cheiro e muito agradável inhá Tonhá, faz um leitão assado a jovem Marta esta sentada em uma cadeira ao lado do fogão de lenha e conversa com inhá Tonhá.
- Hoje eu conheci um rapaz lá perto da casa da mata.
- E de onde e o tal moço?
- Ele era escravo aqui na fazenda.
- Então ele negro e fugido?
- E negro sim, mais não fugido e livre.
- E como ele se chama?
- Seu nome e Zâmbia.
- Meu Deus e o filho da negra Geruza ele foi para a guerra.
- E foi e voltou, e também e um herói como meu irmão Rubens, e ele e um negro muito bonito.
- Sinhazinha desvie os seus olhos dele, ele e negro e seu pai não há de gostar.
- Só estou comentando inhá Tonhà, e bonito e livre.
- Quem e bonito e livre minha filha?