segunda-feira, 28 de março de 2011

Serra da Paixão 4º Capítulo

Serra da Paixão

Poucas horas depois já e manhã, o galo canta e acorda inhá Tonha, ela sai em um pulo rápido da cama vai até a cozinha da casa grande, para colocar o café a mesa, para sua surpresa o menino Maciel já está de pé.
-         O que houve menino teve pesadelo?
-         Não inhá Tonha, eu, Cauã e Jarty vamos à casa da mata.
-         Vocês não têm medo da pintada?
-         Claro que não, Jarty está levando seu arco e eu o meu facão.
-         Mais a danada e rápida como um gato.
-         Inhá Tonha coloque o meu café, pois quero acorda aqueles dois dorminhocos.
Logo após de Maciel tomar seu café Marta entra na cozinha, com um olhar triste ela suspira e fala a inhá Tonha.
-         Já estou sentindo saudade dessa cozinha, e de você inhá Tonha.
-         Sinhazinha não parece muito feliz com o noivado?
-         E inha Tonha, não adianta mentir, pelo menos pra você eu não preciso fingir.
-         Mais a Sinhazinha vai ser feliz, o moço e filho de Barão e rico, vão dar vida de princesa para a minha menina.
-         Eu sei inhá Tonha, mais se eu nem conheço como posso gostar dele?
-         Vai apreender a gostar depois de conhecê-lo.
Passo é dado na sala, o barulho da bota chega até a cozinha da casa,o chicote batendo na bota descreve a pessoa , inhá Tonha vai a sua direção de cabeça baixa e cumprimenta-o.
-         Bom dia barão.
-         Bom dia Tonhá. O café está pronto?
-         Sim senhor, o menino Maciel já tomou café e foi para casa da mata com os outros meninos.
-         Aqueles meninos não tomam jeito, vive a aprontar pelo meio da mata.
-         O senhor vai tomar o café agora?
-         Vou, o Leonardo já levantou?
-         Não senhor só Marta.
-         Vai chamá-lo, preciso falar com ele.
-         Sim senhor eu já estou indo, mais alguma coisa?
-         Não por enquanto e só.
A voz do Sr Manolo parece acordar a todos logo estão todos na sala prontos para o café, os rostos amarrotados de Leonardo e Rubens denunciam a boa noite de sono, a bocas abertas tomam o lugar das palavras, o Sr Manolo quebra o silêncio deixando cair o seu cachimbo das mãos.
-         Pai o senhor que me falar?
-         Ontem um dos escravos fugiu até a noite não tinham encontrado-o o fujam, quero que verifique com o Lourenço se o danado já foi encontrado.
-         Sim senhor, se foi deve estar no tronco.
-         Se estiver no tronco mande tira-lo, mande o para lida o tronco será depois do serviço.
-         Quem e o escravo meu pai?
-          Escravo novo, que eu adquiri na fazenda do Brás, por uma divida, esse parece que não quer mais ter escravos e vive falando que vai me pagar a tal divida para alforria o escravo esse por sua vez acha que e livre, Doutor Brás virou abolicionista.
-         Não creio que a escravatura ira durar mais tanto tempo, os ingleses já não apóia o trabalho forçado, querem negros livres e assalariados.
-         Aqui não e Europa Rubens, essas idéias não funcionam aqui.
-         Mas um dia veremos negros livres, pelas cidades como pessoas normais sem o trabalho escravo, tratados com dignidade.
-         Dignidade você parece um...
-         Um o que meu pai? Um abolicionista, o senhor não sabe o que uma pessoa morrer acorrentada no campo de batalha, lutando por uma causa que nem sua é por uma terra que lhe maltrata e pessoas que lhe humilham, são negros corajosos enquanto brasileiros brancos se escondiam atrás das barbas de seus pais ricos.
- Meu querido irmão eu não inventei a tal guerra e quando eu nasci já havia escravos, nada mudou e nada vai mudar Rubens. 
O Barão Manolo fica olhar o Capitão Rubens mais sabe que no fundo a palavras do filho um dia pode se tornar realidade, as frentes abolicionistas ganham terreno e a monarquia pode abolir a escravatura a qualquer momento, isso lhe assusta o fato de perder a mão de obra barata.
- Rubens e Leonardo mais enquanto isso não acontece vamos cuidar dos nossos.
- Sim senhor meu pai só vou tomar um café e vou atrás de Lourenço. 
         No outro lado da fazenda Maciel, Cauã e Jarty estão quase chegando, na casa da mata, Maciel segue a frente com um facão na mão abrindo caminho, muitos animais se apavoram e saem disparados pelo meio da mata, os olhos de Jarty vigia a cada paço dado pelos seus pés descalços, o menino imita um pássaro como se quisesse saudar a mata, logo avistam a casa.
-         Vejam lá está a casa.
-         Vamos temos muito trabalho pela frente.
-         A casa parece ter alguém.
-         E parece que há uma rede estendida.
-         Vamos ver quem e.
Jarty se coloca á frente com o arco em suas mãos, em posição de ataque, com os passos suaves no mato, sem medo ele solta um grito e pergunta.
-         Quem está ai?
-         Pergunte mais alto Jarty.
-         Quem está ai? Responda.
-         Talvez não seja ninguém Jarty.
-         Vamos em frente.
Ao se colocarem em frente da casa, os meninos se deparam como uma rede e uma velha panela de barro em uma fogueira que parece ainda estar quente, Jarty sobe em uma arvore olha em arredor mais não vê nada de estranho.
-         Parece que algum viajante passou por aqui.
-         Parece que foi embora há pouco tempo, espero que não volte mais.
-         Não sei não Cauã a rede e panela de barro, ele não levou talvez ele volte.
-         Vamos até o lago, vamos pescar um peixe para almoçar.
-         Na volta veremos se o tal viajante voltou.
-         E vamos logo, pois eu estou com muita fome Maciel.
Ao voltarem da pesca os meninos notaram que a rede e panela, já não estavam mais na casa olharam um para outro e por alguns minutos o silencio vagou pelo o ar.
-         Meu pai tinha comentado ontem sobre um escravo que havia fugido, será que e ele?
-         Não Maciel, um escravo fugido não acampa tão perto da fazenda ele pararia o quanto mais longe possível quando suas pernas não agüentassem mais.
-         E o escravo novo chegou há pouco e já fugiu, o Capitão do Mato está atrás dele dês de ontem, Deus queira que ele consiga fugir.
-    Vamos assar os peixes seus medrosos, Lourenço já deve estar no rastro dele eu acredito que ele não consiga fugir Cauã .
Os meninos aproveitam à fogueira que ainda tem brasas enrolam o peixe em folhas de bananeira e deitam os peixes sobre a brasa, Jarty desconfiado não participa do preparo dos peixes fica a procurar pela pessoa que por ali estivera. O peixe logo fica pronto eles sem esperar comem a sua pesca, logo após brincam até entardecer e seguem em direção a fazenda.
Chegando à fazenda avistam o Barão Manolo e Leonardo junto a eles está o Capitão do Mato, com o chicote nas mãos açoita um escravo que e conduzido ao tronco que fica ao lado da senzala, alguns passos do tronco uma fogueira aquece um ferro no formato da letra F, Cauã assustado corre para á senzala mais e seguro por Leonardo.
-         Veja o que acontece com negro fujam.
O menino não dava uma palavra, os seus olhos voltados para Leonardo mostravam o seu medo, uma lágrima como sem querer corre o seu rosto, mais ele nada dizia.
-         Largue-o Leo!
-         Mais um defensor dos negros?
     Maciel já não basta o Ruben?
-         Cauã e meu amigo eu já pedi para você largar ele.
-         Seu moleque não me desafie porque eu posso fazer coisa muito pior com esse negro.
-         Por favor, pelo respeito que eu lhe tenho Leonardo.
-         Está bem meu irmão não vamos brigar por um negrinho.
-         Agradecido.
O Barão Manolo pegou o ferro em brasa e foi direção ao escravo, Maciel e Jarty nunca tinha visto coisa igual, viam negros marcados mais nunca sendo marcados, o negro gritava, o Barão Manolo seguia em sua direção.
-         Não, não, não tenha piedade não fugirei mais, não pelo amor de Deus.
-         Como você se atreve a usar o nome de Deus?
-         Nãoooooo.
O grito de dor do escravo trazia um silêncio momentâneo, interrompido pela a gargalhada de Leonardo, os escravos que assistiam à cena foram açoitados até dentro da senzala as portas foram fechadas, e o escravo continuou no tronco.
         O Barão Manolo ainda deu o seu aviso para os negros.
-         O trabalho de amanhã será mais cedo do que o dia de hoje, a comida será reduzido pela metade, não quero ver escravo parado, quem sabe desse jeito não haverá mais escravos fujam, e que isso mais uma vez sirva de lição para os demais.
Ao passar suas recomendações o Barão Manolo sai em direção à casa grande, Leonardo e Maciel o acompanham, o Capitão do Mato fecha a senzala e mais um dia de trabalho se vai.
-         Eu não quero mais que vocês dois fiquem a discutir na frente dos escravos!
-         Mais Maciel que começou a discussão meu pai.
-         Não interessa Leonardo minha ordem foi dada e que isso não se repita!
-         Sim senhor mais eu não posso concordar com essas idéias abolicionistas ainda mais partindo de um irmão meu.
-         Leonardo seu irmão não defendeu um negro ele defendeu um amigo dele não pensou na sua cor e nem na sua classe social, portanto eu não vejo nada de abolicionista em sua atitude.
Atitude digna de um homem de bem, agora vamos parar com essa prosa e que isso não se repita.
Leonardo encerra o assunto e Maciel nada fala sobre o ocorrido na varanda o Capitão Rubens, espera Leonardo para ir até a cidade.
-         Vamos Leonardo? Os cavalos já estão prontos.
-          Sim Rubens. Só vou lavar o rosto e já estarei pronto.
-         Estou te aguardando.
-         Para onde vocês dois irão não vão jantar?
-         Não meu pai, nós vamos taberna do italiano Edson, para rever velhos amigos.
-         Bem espero que não voltem bêbados.
-         Não voltaremos meu pai, e não precisa nos aguardar, estaremos bem.
 Leonardo já está de volta, e logo os dois irmãos saem em direção à cidade, a lua cheia vai tomando o seu lugar na paisagem, clareando o caminho e coroando a rainha noite que reinará até o surgimento do rei sol.
Os trotes dos cavalos vão quebrando o silencio, a luzes da cidade ficam cada vez mais próximos, na chegada os cavalos cansados parecem agradecer a parada, os cavaleiros descem de suas montariam e seguem para dentro da taberna e logo cumprimentam os amigos.
-         Amigo Pascoal. Como vai o grande amigo?
-         Bem Rubens. Pensei que o amigo tinha esquecido o caminho da taberna ou deixou de gostar de vinho.
-         Tive que dar atenção a minha família, também alguns a fazeres me impediram de estar aqui na taberna.
-         Mais fale sobre as batalhas, afinal está aqui um herói de Resende.
-         Não quero lembrar dos combates, pois a muita tristeza em sua narração, eu prefiro falar de coisas alegres.
-         O amigo fica até quando?
-         Tenho negócios pendentes na capital, mais a minha despensa e de um mês.
-         Bom ficará bastante tempo ainda pela cidade.
-         Não muito. Cadê Lindolfo?
-         Lindolfo, algumas canecas de vinho a mais no dia de ontem e hoje um corretivo de seu pai.
-         Veja só o Lindolfo guardado em casa! Talvez o pai dele esteja certo em fazer tal cousa.
-         Não sei não amigo, mais o pai dele pensou em mandá-lo para Guarda Nacional.
-         Bem já e hora de Lindolfo fazer alguma coisa.
A conversa vai se estendendo e com ela à noite, entre um gole e outra de vinho, a entrada de uma pessoa chama atenção do Capitão Rubens, um homem alto cabelos negro, bigode e de um olhar assustador, exibe em sua cintura uma arma de fogo, seu nome é Hermes Paz, dono de várias propriedades, um novo cafeicultor da região.
Sua fama não e das melhores, um agiota que não tem piedade para aqueles que o deve, cumprimenta a todos que se encontra na taberna, para na frente do Capitão e lhe estende a mão.
-         Boa noite Tenente Rubens?
-         Ótima, e sinto lhe informar mais o Tenente foi promovido a Capitão.
-         Bem! Meus parabéns eu vejo também que aprendeu a se defender, pois, voltou vivo de uma guerra bastante sangrenta.
-         As guerras foram feitas para homens, poucos são os que podem está na frente do campo de batalha.
-         O que você quer dizer com isso Capitão?
-         O que você quiser entender Hermes.
-         Sorte a guerra ter acabado, mais tome muito cuidado pós pode começar outra Capitão.
-         Não tenho medo de guerras, quem já venceu uma pode muito bem vencer outra.
-         Mais nem  todas a guerras são iguais Capitão.
-         Com a licença mais já estou de saída espero que aproveite bem à noite.
-         Não vá Capitão me de pelo menos a honra de oferecer uma rodada de vinho para o herói da cidade .
-         Perdão Hermes mais eu estou satisfeito.
-         Bem assim seja espero nos encontramos novamente, até.
-         Até Hermes.
O Capitão e seu irmão se despedem de Pascoal e do italiano Edson e de outros amigos que se encontram presente e saem da taberna para a fazenda, logo o dia irá amanhecer.
No caminho o Capitão Rubens comenta com seu irmão sobre Hermes.
-         Sujeito abusado este tal de Hermes, não é?
-         E ele tem um jeito estranho, mais trata nosso pai bem, parece não gostar muito de você o porquê e que eu não sei.
-         Ciúme meu irmão.
-         Ciúme do que?
-         Do que não. De quem seria a pergunta certa.
-         E de quem seria?
-         De Maria.
-         Maria, filha de Doutor Brás.
-         Ela mesma, desde menino o Hermes tem ciúme da nossa amizade.
-         E bom tomar cuidado.
-         Sim, ele parece ser o tipo que age pelas costas.
Na chegada à fazenda Leonardo desce do cavalo e o amarra, e o primeiro a seguir para dentro da casa e sem muita demora vai para o seu quarto.

O Capitão Rubens se assenta em uma cadeira na varanda, e aprecia o amanhecer e sem que ele se complete o Capitão adormece.

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