sábado, 14 de maio de 2011

Serra da Paixão "Surue vai para tronco para defender Marta"

Os convidados aos poucos vão deixando a casa forma uma pequena caravana em direção à cidade o Barão Manolo faz questão de cumprimentar um por um pela presença e logo a casa está só com seus moradores e a família Torres.
Marta e Laiza preparam-se para se deitar, Laiza arruma uma cama improvisada, pois ela não quis aceitar dormir na cama de Marta e lhe tirar do seu conforto, o silencio da casa leva a duas moças a conversar em tom de voz bem baixo.
-         Nossa Marta que bela festa.
-         Foi uma bela festa mesmo.
-         E Rubens porque se retirou tão cedo?
-         Rubens não estava se sentido muito bem.
-         O seu rosto estava molhado com lagrimas parece que ele andou chorando o animal morto devia ter muito valor para ele.
-         Rubens e desse jeito uma montanha por fora, mais por dentro tem um coração mole.
-         Marta eu espero que sejamos grandes amigas.
-         Eu também espero Laiza, pois eu me simpatizei muito com você.
-         Marta você conheces a todos os presentes hoje na festa?
-         Sim, são quase todos moradores da cidade, mais o porquê da pergunta?
-         Eu conheci um belo rapaz.
-         E qual nome dele?
-          Ele se chama Lindolfo.
-         Eu o conheço Laiza, ele e o irmão de Linda a professora da cidade.
-         Ele falou de uma irmã também falou que o canto que vinha da senzala era um canto de tristeza.
-         Não percebi se os negros cantavam ladainha, a musica estava alta aqui dentro.
-         Cantavam uma musica muito triste, a musica vinha da senzala um canto como um lamento que arrepiava a alma e fazia doer o coração, mesmo eu que não entendo nenhuma palavra dessa língua pude sentir essa emoção.
-         Eu já ouvi este canto outras vezes Laiza desde criança meu pai tem escravos ao seu serviço.
-         E você sabe por que eles estavam cantando?
-         Não Laiza nunca se sabe qual o verdadeiro motivo, mais você estava falando de Lindolfo você se interessou por ele?
-         Marta! Acho que sim ele um rapaz muito belo.
-         Mais não e o tipo de rapaz para lhe fazer a corte.
-         Porque diz isso ele já está comprometido com alguma moça da cidade?
-         Não que eu saiba, mais falo isso pelo fato de você ser filha de um Barão do café e Lindolfo filho de um ferreiro e ainda ser caboclo, Lindolfo até seus quinze anos era mameluco trabalhava junto com seu pai que era o Capitão do Mato mais respeitado aqui de Resende, menino novo capturava escravo junto com o pai.
-         E verdade você está com toda a razão meu pai já mais há de deixar mais também não precisa saber.
-         O que você pretende fazer Laiza?
-         No momento nada, pois agora estou indo dormir mais logo eu decidirei o que fazer e espero contar com sua ajuda se for o caso. 
-         Só tome cuidado com essa prosa e se precisar de minha ajuda eu estarei aqui.
-         Muita agradecida Marta.
-         Boa noite Laiza sonhe com os anjos, eu vou beber uma água antes de dormir.
Marta vai à direção à cozinha da casa grande passa pela sala na ponta do pé para que o Barão não a escute, logo que chega vê Inha Tonha proseando com Surué.
-         Sinhazinha ainda não foi se deitar?
-         Não eu vim tomar um gole de água, o que vocês dois está a conversar à uma hora dessa eu não lhe mandei descansar.
-         Já estou indo deitar Sinhazinha.
-         Espere Tonhá!
-         Pois não sinhazinha deseja mais algo?
-         O que aconteceu na senzala hoje?
-         Sinhá eu não sei o que realmente aconteceu lá.
-         Tonhá tu não sabes e mentir agora fale a verdade.
-         Esta bem Sinhazinha logo ficara sabendo mesmo, só quero poupá-la, pois esta noite foi uma bela noite para a Sinhazinha.
-         Nada que você falar mudara está noite agora me conte o que houve.
-         Seu pai matou um dos escravos da fazenda.
-         Isso eu já sei você sabe qual escravo foi e porque ele fez isso?
-         Sinhá o porquê eu também acho que vosmicê sabe e o escravo que morreu foi o velho Nego Bento.
-         Minha nossa senhora, por isso que Rubens estava tão triste!
-         Meu povo sente a morte de Bento, agora cantam para Oxalá receber o nosso irmão.
-         Eu também sinto pela morte dele.
-         Mais a Sinhazinha sabe por que foi ocorrido não sabe?
-         Porque a pergunta Tonhá?
-         Porque Zâmbia estava na senzala, Surue me disse que o tiro era para Zâmbia e não para Bento.
-         Tonhá não me diga que quer me culpar!
 Eu estava ajudando um irmão seu a rever a mãe dele.
-         Mais essa ajuda trouxe desgraça na casa dos negros e se a Sinhazinha não parar com essa historia pode acontecer mais desgraças.
-         Desculpe-me Tonhà, mais você está sendo injusta comigo, eu só quis ajudar não queria ver ninguém morto e logo no dia do meu aniversario estou tão triste quanto qualquer um de vocês.
-         Com sua licença Sinhazinha, eu já estou indo me deitar, pois amanhã eu tenho que acordar bem cedo.
-         Então vá Tonhá e não me culpe pelo acontecido.
-         Até sinhazinha.
-         Até Tonhá.
-         Com sua licença Sinhazinha eu também vou me deitar.
-         Vá sim Surue e quanto aquele pedido que eu lhe fiz mais cedo, peço que guarde segredo.
-         Fique tranqüila Sinhazinha, eu não vou falar nada eu prometo.
-         Muita agradecida Surue, agora vá descansar antes que seus donos se levantem.     
Marta se retira da cozinha agora em direção a seu quarto, o som da musica que vem da senzala e misturada pelo canto do galo e latido de Pescador, mais nada que desperte o sono alheio de dentro da casa grande a não ser o Barão que não conseguiu pregar os olhos e Rubens que bem cedo estava de pé.
-         Bom dia Rubens.
-         Sua benção.
-         Por que tão cedo de pé?
-         Eu irei até a senzala para que o corpo de Nego Bento seja levado para a mata e lá seja enterrado.
-         Se você deseja enterra-lo, enterre-o apesar de não ser o costume.
E o que e isso em sua mão?
-         E a carta de alforria a qual eu tinha prometido ao Nego Bento, por favor, assine.
-         Eu não vejo o porquê assinar está carta Rubens ele já está morto.
-         Eu prometi alforria-lo pena que eu não lhe dei essa alegria em vida.
-         Meu filho eu, não queria ter atirado nele, estou muito arrependido e peço que me perdoe por isso.
-         Peça perdão a Deus meu pai, pois tirou a vida de um inocente um homem bom que deu sua vida e a sua morte na mão do senhor, agora, por favor, assine.
Rubens com um lençol e com a carta de alforria assinada na mão se retira da sala e segue para a senzala, chegando lá ele mesmo abre os portões da senzala onde os negros ainda cantam e choram, ele solta três negros da corrente e pede para que enrolem o corpo de Nego Bento no lençol que ele tem as mãos, Gil Pará pede para ajudar a carregar o corpo e é atendido por Rubens.
-         Ele era meu avô e morreu pedindo liberdade, Zâmbia a de pagar pela morte dele.
-         Zâmbia não foi o culpado ele se jogou na frente do tiro como um herói.
-         Negro nessa terra não e herói e apenas escravo Capitão.
-         Mais um dia isso a de mudar, agora vamos antes que se aperte o sol.   
Os negros carregam o corpo de Nego Bento para a mata, o capitão Rubens vai à frente com algumas ferramentas para que seja feita uma cova, lá na cidade na venda do senhor Credencio, Zâmbia já está de pé e aguarda que seu patrão se levante.
Zâmbia pensa no acontecido daquela noite sabe que o Barão não deixará por menos o acontecido, agora era aguardar o resultado daquela noite trágica.
Voltando a fazenda Meriza o Barão, vai até a senzala onde encontra Lourenço assentado.
-         Bom dia Barão.
-         Bom dia Lourenço pode colocar os negros na lida.
-         Sim senhor Barão.
-         Lourenço você não viu esse negro entrando aqui dentro da senzala ontem à noite?
-         Eu não estava aqui, Surue disse que Inhá Tonhá estava preparando um prato e bebida e que eu fosse comemorar o aniversario da sinhazinha Marta e que era ordem do patrão eu só vi o negro quando eu voltei, pois eu tinha esquecido a faca aqui.
-          Sei que homem de minha confiança Lourenço e pelo seu empenho esse escravo não conseguiu o que ele queria.
-         E o que ele queria Barão?
-         Ele queria soltar todos os seus irmãos libertar todos os escravos aqui da Meriza, hoje mesmo eu vou até a cidade para falar com o delegado Brandão a respeito disso e você vai comigo.
-         O senhor vai falar da morte do negro?
-         Eu sou um Barão e não tenho que esconder o que eu faço ou que não faço dentro das minhas propriedades, mais esse negro foi alforriado pelo próprio Imperador, e com essa política abolicionista que está acontecendo e bom ficarmos como avestruz pelo menos por enquanto, eu não quero levantar os olhos do Império para minha casa isso para os meus negócios seria péssimo.
-         O senhor tem toda razão Barão.
-         Agora vai e me chame Surue aqui eu preciso fazer algumas perguntas para aquele negro.
-         Sim senhor barão, eu já estou indo.
Lourenço segue para chamar Surue à desconfiança do barão Manolo sobre o acontecido daquela noite recai sobre alguém da casa, não se demora muito e os dois já estão de volta, Surue se coloca a frente do Barão que começa a interrogar o escravo.  
-         Surue quem deu ordens a você para chamar Lourenço aqui na senzala?
-         Ninguém patrão.
-         E você veio assim mesmo por livre espontânea vontade?
-         Sim senhor.
-         Lourenço coloque esse mentiroso no tronco e bata até ele falar, porque negro na minha senzala não tem vontade própria.
-         Sim senhor Barão.
O negro Surue temeroso com a ordem do Barão vai direto para tronco e Lourenço com um chicote de couro de boi dá chibatadas no escravo sem a mínima piedade, os gritos de dor de Surue são ouvidos pelos de mais negros da senzala.
-         Surue eu vou perguntar novamente, quem mandou que chamasse Lourenço para a casa grande?
-         Ninguém patrão.
-         Lourenço continue a bater, quando ele estiver disposto a falar pare!
-         Sim senhor Barão.
-         Dê cinqüenta e depois que voltar dos cafezais continue até ele falar!
Lourenço conta às chibatadas e o negro Surue já está quase desmaiado no tronco, o Barão volta para a casa grande onde aguarda os convidados a se levantar para o café sabe que isso acontecerá mais tarde pelo fato de todos terem ido dormir fora do horário habitual, e por esse motivo segue para o seu quarto para descansar.
-         Surue e melhor tu falar a verdade.
-         Falar que verdade Lourenço de um jeito ou de outro eu iria para no tronco.
-         Então realmente alguém o mandou me tirar da senzala ou você estava conluio contra o Barão com aquele escravo Zâmbia.
-         Eu nunca vou trair a confiança de uma pessoa, agora faça teu serviço e não me pergunte nada seu maldito.
O negro se espreme de dor agarrado ao tronco, mais ele sabe que sua promessa feita a Marta não poderá ser quebrada, ele estava disposto a morrer naquele tronco sem acusar a verdadeira autora do pedido.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Serra da Paixão "ALEGRIA E DOR NA FESTA DE MARTA"

Lourenço com a faca corta as cordas que amarra Zâmbia ao tronco, o Barão enfurecido com as palavras do ex-escravo saca de sua arma e aponta em sua direção, Zâmbia que por diversas vezes tinha estado em frente à morte soa frio, enquanto suas pernas parecem não se mover.
-         Não pai não faça isso.
-         Não se meta Rubens, nenhum escravo invade a minha terra e fala assim comigo.
O Barão sem pensar e movido pelo ódio aperta o gatilho, mais um corpo se joga na frente de Zâmbia com um grito de liberdade em seus lábios ele e alvejado no lugar de Zâmbia, cai com um tiro certeiro que lhe fere o peito, o capitão Rubens exprime um grito de dor ao ver o seu amigo Nego Bento cair ao chão.
-         Não meu amigo.
Zâmbia olha para o homem que acabara de salvar a sua vida, caído ao chão, com olhos virados mais com um sorriso em seu rosto como se naquele momento encontrasse a sua verdadeira liberdade, foge Zâmbia grita o capitão Rubens enquanto tenta socorrer Bento, o capitão Rubens vê que o amigo já não tem mais vida olha inconsolado para seu pai e chora copiosamente sem se importar com os demais presentes o sangue de Nego Bento em suas mãos respinga em sua farda de gala, o Barão já não se importa mais com Zâmbia e abaixa a sua arma olhando a dor de seu filho, enquanto Zâmbia obedece às ordens de Rubens e segue pelo meio do mato, Lourenço sai atrás de Zâmbia pelo meio do cafezal.
-         Maldito eu te pego.
Mais antes que Lourenço atravesse a cerca Zâmbia alcança seu cavalo e segue em disparada para a cidade.
Lourenço ameaça a correr para dentro do estabulo para pegar um cavalo para perseguir Zâmbia, mais o Barão o impede, pois já havia desgraças demais para uma noite.
 Dentro da senzala a cena do negro jogado ao chão ensangüentado e abraçado por Rubens, e os escravos com a dor de ter perdido o seu mentor.  
-         Eu não queria acertá-lo meu filho ele se jogou à frente.
-          Pai você matou o homem que um dia salvou a minha vida.
-         Coloquem o corpo dentro da senzala, deixe que os negros velem o seu mentor, amanhã levaremos o corpo para a mata!
-         Sim senhor Barão.
-         Agora vamos entrar e acalmar nossos convidados!
Lourenço e o capitão Rubens colocam o corpo dentro da senzala como ordenara o Barão, os negros da senzala emocionados cantam em homenagem ao seu mais velho irmão, um canto triste que invade a senzala, acompanhado pelo choro e o ranger das correntes.
O Barão, Maciel e Leonardo seguem para a casa grande sem falarem uma palavra, o índio Jarty calado sobe em uma arvore e lamenta o fim trágico de Nego Bento, batendo no peito e gritando para lua, a festa continua dentro da casa, mais há tristeza fora dela, o Barão Manolo, Maciel e Leonardo chegam à casa grande, os convidados fazem silêncio em sua chegada.
-         Bons amigos eu tive problemas com um de nossos animais, o bicho quebrou a pata tentando pular o cercado e infelizmente tivemos que sacrifica-lo, era um animal muito velho por isso não nos preocupamos e não iremos retirar a beleza e a alegria da festa.
A música volta a ser tocada, e logo os pares estão a bailar no meio do salão, o Barão mais uma vez explica para alguns o ocorrido na sua atual versão, Marta não se mostra satisfeita com a versão que contada pelo seu pai, mais não deixa transparecer a sua preocupação com Zâmbia e logo se junta ao grupo de dançarinos formando par mais uma vez com Pedro.
O capitão Rubens passa pelos convidados sem uma palavra e segue direto para o seu quarto.
-         Manolo o que há com Rubens?
-         Ele ficou meio chateado com acontecido.
-         Vou até o seu quarto afinal era apenas um animal.
-          Deixe-o Rosa não o incomode, amanhã falaremos sobre o acontecido dessa noite.
Marta observa a entrada de Rubens, pede licença a Pedro e também vai falar com o Barão para tentar saber e verdade.
-         Papai eu posso lhe falar em particular?
-         Fale minha filha.
-         Rubens não está bem?
-         Minha filha o seu irmão ficou chateado com acontecido lá fora, eu acabei de explicar para sua mãe e pedi para que o deixe em paz.
-         Papai o que realmente aconteceu lá fora?
Por favor, papai, Rubens não ficaria assim por um animal.
-         Certo minha filha um dos escravos foi morto.
-         Zâmbia! Meu Deus!
-         Marta de onde conhece esse escravo?
-         Não meu pai não e nada disso que o senhor está pensando, apenas o conheci em uma das minhas idas a cidade.
-         Que dizer que ele esta na cidade?
-         Sim papai ele trabalha na venda do senhor Credencio.
-         Este escravo está me saindo pior que encomenda mais logo eu vai dar um jeito nele.
-         Que dizer que ele não está morto?
-         Ainda não, mais logo estará, e você fique bem longe desse escravo!
-         Com sua licença meu pai?
-         Vá Marta!
A feição do Barão não e das melhores, Marta volta a encontrar Pedro e mais uma vez dançam, o moço ao acabar a melodia chama atenção de todos. 
-         Senhores e senhoras presente, eu, Pedro Torres filho do barão Edgar Torres e da baronesa Helena Magaldi Torres, peço com a permissão do barão Manolo a palavra e um momento da atenção de todos.
-         Tem a minha permissão Pedro.
-         Muito agradecido barão Manolo, nessa festa de hoje onde todos estão comemorar o décimo oitavo aniversario da jovem Marta, que foi abençoada em ter uma família tão nobre e amorosa, eu, venho com muita humildade coroar está linda festa com uma aliança feita entre as duas famílias, mais com essa outra aliança que trago em minha mão, eu, venho selar o noivado entre eu e a linda Marta e que Deus futuramente abençoe a nossa união.
-         E que todos os presentes levantem um brinde!
E que os padres presentes abençoem esse noivado!
O jovem Pedro coloca a aliança no dedo de Marta, e sussurra em seu ouvido.
-         Não está feliz Marta?
-         Claro que sim Pedro.
-         Então pelo menos sorria.
A noite vai caindo e junto com ela a festa, o Barão se coloca preocupado com o ocorrido na senzala, Hermes e Maria comentam a retirada repentina do capitão Rubens.
-         O Capitão se retirou cedo.
-         E deve ter acontecido algo muito grave, pois ele, não faria essa desfeita a sua irmã se não fosse sério.
-         Não sei não, isso para mim só prova a sua falta de educação.
-         Hermes porque falas assim? Rubens não e uma má pessoa.
-         Vamos dançar Maria?
-         E melhor do que falar mal da vida alheia.
-         Maria não ficou aborrecida comigo?
-         Não Hermes só não gosto dessa implicância tua com Rubens.
-         E que ele não disfarça o interesse por você.
-         Eu acho que você está vendo coisa de mais.
-         Talvez mais e melhor prevenir do remediar.
-         Hermes falas como seu fosse algum objeto que pertenço a você.
-         Por favor, me perdoe se te dei tal impressão, não quero lhe ofender com palavras.
-          Bem agora vamos dançar antes que a música se acabe.
Durante a festa muitas pessoas se fartam mais algumas pessoas se destacam e o caso do nosso querido padre Martins que se delicia com um belo pedaço de carne e uma caneca de vinho.
-         Padre Martins cuidado para não passar mal.
-         Pode deixar Borges eu ainda não comi nada.
Dona Augusta conversa com Joana no canto direito da sala, e observa Credencio que também parece preocupado com o ocorrido.
-         Esse seu Credencio e um belo homem a se eu fosse mais nova.
-         Mais ele deve ter a idade da senhora.
-         E mais para nós mulher fica um pouco mais difícil, eles não nos notam.
-         Talvez falte um pouco de incentivo de ambas a partes.
-         Talvez Joana.
 Ele está vindo para cá como eu estou?
-         A senhora está ótima tia Augusta.
-         Olá senhora Augusta.
-         Como vai seu Credencio está se divertido?
-         Estou sim à festa está muito agradável e se tornará mais agradável ainda se me desce a honra dessa dança.
-         Faz alguns anos que eu não danço mais eles dizem que como montar depois da primeira vez não se esquece.
-         Então me de a honra!
Joana não se importa?
-         Claro que não seu Credencio fique a vontade.
O padre Borges vê que Joana está sozinha e segue em sua direção para lhe fazer companhia.
-         Vejo que não gosta muito de dançar?
-         Olá Padre, eu não tenho este habito gosto mais de ver os belos dançarinos a bailar pelo salão.
-         Você e uma mulher ainda jovem até quando pretende guarda o seu luto?
-         Ainda não penso nisso Padre, mais assim que pensar o senhor ficara sabendo, pois nós costumamos a fazer o matrimonio pela igreja local.
-         Eu ficarei muito contente em fazer tal união.
-         Vai demorar muito Padre! 
-         Mais em sua confissão me falou sobre um amor.
-         Padre Borges eu estou em uma festa e não na igreja, gostaria que falasse tal assunto somente na casa de Deus!
-         Perdoe-me não queria lhe causar aborrecimento, não falarei mais sobre o assunto.
-         E muito gentil Padre, mais se o senhor quer realmente ser gentil poderia me trazer algo para beber.
-         Eu já vou buscar só um instante.
Logo que a dança termina o Barão Manolo segue em direção a Credencio, pede licença a dona Augusta e seguem em direção a uma saleta onde a porta e fechada.
-         Pois não Barão o que o senhor que me falar em particular?
-         Credencio, tu bem sabes que somos amigos de longa data e que eu não te negaria um favor.
-         Se nos temos essa amizade a qual o senhor se refere peço que vá direto ao assunto, pois eu não estou entendendo o Barão.
-         Pois bem, hoje esteve aqui em minha fazenda um escravo do senhor.
-         Vejo que o Barão está equivocado, pois deveria saber que eu não possuo escravo.
-         Está certo, que seja empregado do senhor, mais a questão não e essa.
-         E qual seria a questão Barão.
-         Eu queria saber se o senhor era sábio de tal visita desse rapaz?
-         Olha Barão ele me pediu uma montaria para essa noite não achei de mau agrado em lhe prestar um cavalo.
-         Então o senhor sabia que ele viria a minha fazenda?
-         Não foi isso que eu disse Barão vejo que está a falar por minha pessoa.
-         Desculpe-me mais se ele te pediu um cavalo para essa noite o senhor deveria saber o seu destino!
-         Caro amigo eu realmente deveria, mais estava atrasado com o meu compromisso e como ele trabalha comigo eu não me preocupei com esses por menores.
-         Já que prezamos nossa amizade o senhor não se oporia e me entregar o escravo pela manhã.
-         Vejo que o Barão quer ser maior do que o Império ou não sabe que o rapaz e alforriado pelo próprio Imperador?
-         E quem falou que o Imperador vai ficar sabendo de um sumiço de um escravo aqui na cidade de Resende?
-         Deveras, pois não sumirá nem um escravo do senhor Barão, pois o senhor não tem nenhum escravo que trabalhe em meu comércio, nem com carta e nem sem carta de alforria.
-         Vejo que não somos tão bons amigos assim senhor Credencio.
-         E por esse motivo que eu peço sua licença para me retirar e agradeço ao convite que me fez.
-         Credencio, está comprando uma briga que não lhe pertence.
-         Barão Manolo, eu peço mais uma vez que me de licença e se quiser conversar sobre o assunto o senhor Barão saberá onde me encontrar.
-         Fique a vontade para se retirar de minha casa e de minhas propriedades.
Seu Credencio passa pela sala com cara de poucos amigos não cumprimenta ninguém em sua saída, procura sua montaria entre os cavalos e seguem em direção à cidade.
O passar das horas se adianta, mais a festa ainda reserva mais um belo encontro, encostado no balaústre do varandão em redor da casa, esta Laiza a admirar não a música que vem de dentro da casa, mais o canto baixo que vem da senzala, mais o canto e interrompido por uma voz que chega de mansinho.
-         Os negros estão tristes, este canto e de dor.
-         Como sabes?
-         Fui criado perto de uma senzala, meu pai foi muito tempo Capitão do Mato.
-         E agora não e mais?
-         Não graças ao meu bom Deus.
-         E por que ele abandonou o posto?
-         Apaixonou-se pó uma escrava a minha mãe.
-         Interessante uma negra?
-         Não uma índia.
-         Mais porque o canto tão triste?
-         Nunca se sabe, eles ficam tristes ate no nascimento de alguma criança.
-         Mais porque tanta maldade?
-         Não e maldade temem o sofrimento de mais um negro.
-         Mais mesmo triste o canto e um canto bonito.
-         Você não mora por aqui?
-         Não estou de passagem.
Mais eu vejo que você e daqui?
-         Sim nascido e criado na cidade de Resende.
-         E como se chama?
-         Lindolfo, e você?
-         Eu me chamo Laiza sou filha do barão Torres.
-         E um prazer, mais o que te traz aqui para fora se a festa lá dentro está tão agradável?
-         Vim tomar uma fresca lá dentro está muito abafado mais ai ouvi este canto que me chamou atenção, um canto que apesar de triste e belo.
-         E verdade os negros realmente tem um canto muito belo.
-         E você o que faz aqui fora?
-         Estava a procurar a minha irmã quando eu lhe vi aqui.
-         Você mora na cidade?
-         Sim próximo à igreja.
-         Foi um prazer em conhecê-lo mais agora tenho que entrar antes que meu pai sinta minha falta. 
-         O prazer foi meu espero outra hora nos encontramos de novo.
-         Quem sabe, teremos essa oportunidade.
-         Quando o destino o quer se encarrega se for a sua vontade.
-         Então vamos deixar por conta do destino, agora eu tenho que ir.
-         Até um dia.
Laiza se despede de Lindolfo e muitos já se retiram e logo só está presente à família que já não conta nem com Rubens e Maciel que se retiraram para o seu descanso, Marta manda que Ione e Inhá Tonhá descansem para a limpeza de logo mais, a baronesa Rosa hospeda nos quartos a família Torres que se encontra cansada com a festa, Laiza acompanha Marta até o seu quarto a onde repousara.