terça-feira, 19 de abril de 2011

Serra da Paixão "Marta ou Michele"

A tarde vai entrando e na fazenda do Doutor Brás a família está reunida à mesa para o almoço que e servido por Zenaide.
-         Este almoço está muito bom Inês.
-         Obrigado Brás um elogio sempre faz bem para nosso ego.
-         E você Maria já decidiu se vai à festa de Marta?
-         Sim papai eu vou junto com Hermes ele virá para me levar até a fazenda.
-         Isso e bom porque eu mesmo não sei se poderei estar lá.
-         Mais seria muito bom se fosse, pois estarão lá pessoas muito influentes da sociedade.
-         E talvez seja muito bom para o senhor papai.
-         Eu vou ver ainda, mais talvez vocês tenham razão.
-         Com licença eu já terminei o almoço, agora vou vestir o vestido que eu irei à festa para ver se precisa mais de alguns ajustes eu quero ser a mais bela nesta festa.
Maria sai em direção ao seu quarto chama Zenaide para lhe ajudar a apertar as cordas do vestido.
-         A sinhá está muito bela neste vestido! O Sr Hermes vai se encantar.
-         E mais não e bem o senhor Hermes que ela quer encantar.
-         Mamãe eu não sabia que estava ai.
-         Vim ver se o vestido lhe caiu bem, mais pelos elogios de Zenaide não preciso lhe dizer mais nada.
-         Muito agradecida mamãe mais eu não entendi o trocadilho que a senhora fez.
-         Você entendeu, porque os seus olhares para Rubens denunciam a sua euforia para essa festa.
-         Mamãe eu gosto de Hermes.
-         Eu sei disso Hermes e um bom rapaz e um belo cavalheiro, o seu coração bate forte quando você o vê?
-         Mamãe e o que importa isso?
-         Está bem você está linda já estou me retirando para o meu quarto quero borda uma colcha antes que escureça.
-         Até mamãe.
O assunto faz a menina ficar a pensar imaginando a situação ela senta-se na cama e retira o vestido lentamente sem se importa com o tempo, escapa no canto da boca um sorriso maroto como quem tivesse gostando do próprio pensamento. Será que sua mãe no fundo estivesse com a razão? Ou será só para lhe deixar confusa? Maria viaja em seus pensamentos.
-         A sinhá está bem?
-         E porque não haveria de estar Zenaide?
-         E que a menina estava tão faceira com a festa e agora para que tomasse desgosto por ela.
-         Não Zenaide, eu só estou a pensar na vida.
-         E oque a menina Maria está pensando?
-         De como será a minha vida se eu me casasse com Hermes.
Será que eu seria feliz?
-         Quando se trata de casamento nos não podemos prever o futuro o qual esse levará.
-         Zenaide o que você acha de Hermes?
-         Que sou eu fazer tal comentário, mais já que me da à liberdade de lhe falar não vejo sentimentos sincero no olhar de Hermes.
-         E porque me fala isso Zenaide?
-         Intuição de uma mulher que já viveu bastante e conhece bem o ódio e o amor.
-         Você já foi apaixonada Zenaide?
-         Já Maria, mais isso já faz muito tempo.
-         E o que aconteceu com esse grande amor?
-         Não deu certo apesar de ele também me amar.
-         E ele e de onde Zenaide aqui da cidade mesmo?
-         Não ele e de longe, agora vamos parar com essa prosa, pois eu não gosto de me lembrar do passado.    
A duas continuam a prosear outro assunto e deixa o passado distante na memoria de Zenaide, mais na cidade a festa e o grande assunto no bar na mercearia e na igreja na praça da cidade todos comentam da tal festa da filha do Barão.
-         E amanhã Pascal.
-         Amanhã o que Lindolfo?
-         A grande festa da filha do Barão Manolo.
-         E eu vou com Lúcia, fiquei de apanhá-la ao cair da tarde. E você com que irá Lindolfo?
-         Eu irei só, para mostrar para as meninas da cidade que estou sozinho a procura de uma bela moça.
-         Então o boêmio Lindolfo que se amarrar?
-         Não bem do modo que está falando, mais uma companhia feminina não faz mal a ninguém.
-         E Linda não vai à festa?
-         Não sei amigo, Linda e daquele jeito decide as coisas sempre na hora.
-         Bom Lindolfo eu tenho que ir tenho negócios a tratar.
-         Lá se vai um homem de negócios, até bom amigo!
-         Até.
Pascoal monta em seu cavalo e segue em seu destino, lá dentro da casa de Lindolfo uma voz rouca grita o seu nome.
-         Lindolfo eu tenho dois animais para ferrar venha me ajudar.
-         Já estou indo meu pai.
-         São aqueles dois animais o malhado e o branco.
-         Sim senhor.
-         Quem estava proseando contigo agora?
-         Era Pascoal, ele estava de passagem ele está indo para Vila de Campo Belo.
-         E qual era prosa?
-         Era sobre a festa da filha do Barão Manolo.
-         E você vai à festa?
-         Vou meu pai, não vou perder a oportunidade para mostra a esse povo que um mulato como eu sei se portar perante a mais alta sociedade Resendense.
-         Você está certo, mais eu não acho que esse e o melhor caminho.
-         Mais quem não visto não e lembrado meu pai.
-          E mais agora vamos ferrar estes animais, mais se lembre de que acorda sempre arrebenta no lado mais fraco.
-         Sim senhor.
Pai e filho começam o trabalho retiram os cravos das ferraduras, na venda do senhor Credencio, Zâmbia termina de arrumar os cereais em seu devido lugar.
-         Tenho que ir a fazenda do Barão Manolo, mais eu não devo demorar.
-          Sim senhor seu Credencio e eu o que faço?
-         Atenda os fregueses! Eu tenho que levar está encomenda para o Barão amanhã terá uma grande festa em sua fazenda a sua filha fará aniversário e anunciará o seu noivado.
-         Ontem Michele esteve aqui pegou uma encomenda do barão.
-         Michele quem e essa?
-         O senhor não conhece?
-         Não nunca ouvi falar.
-         Ela me disse que estava a mando do barão estava fazendo uma gentileza.
-         Zâmbia só falta você ter entregado o pedido do barão para um desconhecido.
-         Isso não seu Credencio, pois o cocheiro era da fazenda do barão e a charrete também.
-         Como eles estão apurados por demais devem ter pedido para essa visita pegar a mercadoria mais eu vou tirar isso a limpo.
-         Mais o senhor a de conhecer a moça o qual estou a lhe falar.
-         Agora deixa que eu vá para que não volte muito tarde, até Zâmbia.
Zâmbia vê seu Credencio tomando distancia da venda casado procura um lugar dentro da venda se sentar já que não ha movimento, do outro lado da praça meia dúzias de beatas se reúnem na frente da igreja, a espera de padre Martins.
Seu Credencio vai se aproximando da fazenda do Barão Manolo antes da chegada e recebido pelos meninos.
-         Olá estão vindo de onde?
-         Olá seu Credencio estamos vindo do Paraibão e encontramos por lá a pintada.
-         Está onça deve está a caça de capivara para se alimentar, mas vocês têm que tomar cuidado, pois está onça é astuta.
-         Mas eu tenho meu arco.
-         Eu sei indiozinho mais ela e muito rápida.
 Maciel o seu pai está na fazenda?
-         Deve estar pelo meio do cafezal vendo a colheita.
-         Tenho que entregar está encomenda para ele.
-         Eu vou pelo meio do cafezal ver se o vejo.
-         Está bem Maciel eu estarei na casa grande aguardo sua chegada ou a do Barão.
-         Sim Senhor seu Credencio.
Seu Credencio segue em direção enquanto os meninos se perdem ao meio dos pés de café tentando encontrar o Barão.
Na chegada à fazenda a primeira pessoa a ser avistada e Leonardo que esta à frente da casa a tirar a terra de sua bota.
-          Senhor Credencio o que lhe trás aqui?
-         Olá jovem Leonardo vim trazer uma encomenda para a festa de sua irmã e ainda falta o restante que deve chegar amanhã os demais urgentes foi retirado ontem à tarde pela jovem de nome Michele.
-         Ta variando seu Credencio?
-         Não me tomes como um ébrio e nenhum um néscio!
-         Perdoe-me seu Credencio não foi essa minha intenção, mais o senhor conhece como ninguém as pessoas dessa família e sabe também que não a ninguém com esse nome aqui.
-         Hora, pois, pois, então quem e Michele?
-         Não há nenhuma moça com esse nome e garanto ao senhor que foi minha irmã Marta que esteve ontem na mercearia eu a encontrei na volta para fazenda.
-         Bem deve ser algum equivoco. 
-         Então vou chamar Surue para lhe ajudar a descarregar.
-         Está bem enquanto isso eu vou colocando a mercadorias enfrente a casa.
Assim que o jovem Leonardo entra o Barão Manolo se aproxima montado em seu cavalo, em um trote mais rápido logo está à frente da charrete de seu Credencio.
-         Credencio deixe isso ai mesmo eu vou providenciar que um escravo venha retirar.
-         Não precisa Barão o seu filho Leonardo já foi chamar o escravo.
-         Então vamos entrar pra que o senhor experimente o melhor café da região.
-         Muito agradecido vou aceitar o café.
-         Surue leve estas coisas para dentro!
-         Sim Senhor Barão.
O convidado entra para se deliciar com o café da fazenda Meriza enquanto no meio do cafezal os meninos correm em direção à casa grande.
-         E eu tenho que ir Cauã o meu pai já deve estar furioso com minha falta ao almoço.
-         Está bem eu ficarei na senzala até a lida do meu povo acabar.
-         Eu vou até a casa grande junto com Maciel vê se Inhá tem alguma coisa para comer.
Os amigos se despendem e o Capitão do mato vem escoltando os escravos pelo meio do cafezal com o chicote na mão apressam os negros, com as cabeças baixas mãos serradas e uma revolta nos olhos, alguns dos escravos arrastam o pé no chão, pois não encontram forças para levantá-los.
Cauã corre encontro da mãe com olhar de rejeição do Capitão do Mato que demostra a toda sua insatisfação pelo fato de Cauã não estar na lida.
-         Seu neguinho preguiçoso não atrapalhe a entrada.
-         Não estou atrapalhando ninguém Capitão.
-         Não ouse levantar sua voz a mim seu negrinho.
-         Sim senhor Capitão.
Negra Geruza abraça seu filho como se quisesse defendê-lo mais o respeito que ela tem pelo chicote não deixa sair de sua boca nem uma palavra, Keire a seu lado repreende a atitude de seu irmão.
-         E bom não provocar Lourenço.
-         Mais eu não o provoquei.
-         Mesmo assim ele não gosta de você vive falando que você o negrinho preguiçoso e que não te coloca na lida por que Maciel pediu ao Barão.
-         Um dia ainda vou ver esse Capitão no tronco igual meu povo sofrendo.
-         Não diz bobagem seu moleque ele pode escutar!
-         Mais seria divertido.
O sorriso de Keire acaba em um abraço carinhoso em seu irmão. Enquanto na casa grande da fazenda o barão proseia com seu Credencio.
-         Pois o café do amigo barão e mesmo muito bom.
-         Eu não te disse Credencio o melhor da região.
-         Bom eu agradeço muito o café mais eu tenho que ir.
-         Espero o amigo aqui amanhã na festa.
-         Estarei aqui para parabenizar a aniversariante e noiva.
-         Muito agradecido amigo Credencio.
Na saída seu Credencio avista Marta assentada na varanda, à menina descansa sobre a bela cadeira e não nota a presença de seu Credencio na fazenda.
-         Barão se me der a permissão eu gostaria de cumprimentar a menina Marta ontem ela esteve em minha venda enquanto eu não estava deixou lembranças e eu gostaria de retribuir.
-         Não vejo problemas vou mandar chama-la.
-         Barão eu vejo que não a necessidades, pois ela está sentada na varanda não quero incomodar o seu repouso.
-         Vejo que realmente e um cavalheiro, admiro tal qualidade fique a vontade para lhe falar.
-         Não vou me demorar algumas palavras de agradecimento eu vou me retirar.
-         Assim seja Credencio.
Seu Credencio segue em passos largos até a varanda, Marta não nota sua chegada e pega de surpresa.
-         Boa tarde Marta.
-         Seu Credencio o que faz por aqui?
-         Ontem na retirada da mercadoria você esqueceu uma encomenda de seu pai.
-         Zâmbia não me falou de tal encomenda.
-         Vejo que sabe o nome de meu empregado!
-         E porque a surpresa seu Credencio?
-         Surpresa e ele não saber o seu!
Marta ou Michele?
-         Seu Credencio eu posso explicar peço que seja discreto.
-         Fique tranquila menina Marta eu sei que há uma explicação para isso, mais vejo também que não e a hora nem lugar.
-         Agradecida pela sua discrição.
-         Até menina Marta.
-         Até senhor Credencio.
Seu Credencio segue em direção à cidade, a noite vem chegando dificultando a visibilidade dos animais que vão cautelosamente pelo caminho um forte vento também vem trazendo uma chuva fina dos lados da Vila de Campo Belo antes que a chuva forte chegue o senhor Credencio toca mais rapidamente o seu animal.

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